O Governo do Nepal, além de se ter demitido, devido nà pressão das ruas, o primeiro-ministro ,KP Sharma Oli, foi obrigado a reabrir os acessos ao X, Facebook e YouTube, entre outras 25 plataformas, depois de pelo menos 19 pessoas terem morrido em confrontos com a polícia nas gigantescas manifestações nas ruas de Katmandu contra a restrição imposta devido à nova legislação para as redes sociais.

As limitações de acesso ao Facebook, YouTube e X foram impostas, segundo as agências de notícias, porque estas plataformas não cumpriram as exigências legais para o exercício da actividade no país impostas pela nova legislação.

A essa decisão governamental de bloquear o acesso a estas redes sociais seguiu-se uma explosão de protestos populares sem precedentes, levando largas dezenas de milhares de pessoas para as ruas em protesto, na sua esmagadora maioria jovens à volta dos 20 anos de idade.

Dos confrontos entre os manifestantes e a polícia que se espalharam pela capital do Nepal, Katmandu, na segunda-feira, 08, e terminaram já nesta terça-feira, 09, depois de as autoridades do país reverterem a decisão, resultaram pelo menos 19 mortos, número de deverá subir devido à gravidade da situação de alguns dos mais de 500 feridos. Pelo meio foram detidas centenas de pessoas.

No total o Governo nepalês tinha bloqueado os acessos a 26 redes sociais, sendo que o encerramento do X, do Facebook e do YouTube são os que mais fúria causou aos utilizadores, que geraram os históricos tumultos em Katmandu.

Este pode ser um caso de estudo para a análise ao que pode suceder nas crescentes situações em que os Governos, na maior parte dos casos, para já, em situações de protestos populares, procuram controlar a capacidade organizativa dos manifestantes bloqueando os acessos às redes sociais.

Tem sido assim em diversas situações em todo o mundo e o mesmo sucedeu em Angola, por exemplo, aquando da deflagração dos protestos populares no contexto da greve dos taxistas de 28 a 30 de Julho, quando, nas primeiras horas, as autoridades procuraram controlar danos restringindo parcialmente o acesso às redes sociais que eram, efectivamente, o meio de comunicação entre os grupos dispersos pela cidade de Luanda e as restantes províncias.

Estes protestos no Nepal tiveram como mote a luta popular contra a censura que, como começa a ser cada vez mais evidente, não gera tanta controvérsia quando se trata de censurar os media tradicionais, como as televisões, rádios, jornais ou sites de notícias.

Isto, porque, segundo os estudos académicos que começam a ser divulgados um pouco por todo o lado, os jovens já só estão ligados ao mundo através destes novos meios de comunicação social onde acontece ao minuto o "jornalismo do cidadão" por falta de confiança no jornalismo tradicional.