Esta estória não tem semelhança com os métodos utilizados pelo famoso grupo A4 ou com a construtora Guangxi, o enredo é semelhante aos contos mirabolantes, como o do satélite "angoSat2", que deixaram rastos, e esta e outras, começaram a circular, à boca pequena, pela primeira vez, na década passada, embora, oficialmente, naquela altura o nigeriano Aliko Dangote já tivesse sido considerado o homem mais rico de África, pois tinha uma fortuna declarada (segundo a revista Forbes) de mais de 20 bilhões de dólares.
Ainda assim, a riqueza de Aliko Dangote (2015) era, supostamente, inferior à fortuna somada das personagens principais desta estória que, segundo os contistas, tiveram sob sua direcção a exploração do bloco 18, tendo à época, a exploração aumentado de 10.000 para 20.000 barris de petróleo/dia, o equivalente a oito carregamentos anuais.
Nem as novas regras de transparência internacional, introduzidas pelo Reino Unido para identificar quem possuía muito dinheiro de origem duvidosa nos "paraísos fiscais", conseguiram detectar as fortunas das personagens desta estória.
Os novos multimilionários angolanos utilizaram como escapatória a rota do Oriente, Hong Kong , e com esse método perdeu-se-lhe o rasto do dinheiro .
Este enredo descreve o segredo de outros métodos para desviar dinheiro público, pagando a construção de um mesmo prédio de luxo três vezes.
Dizem também os relatos que, nessa altura, outro método era o de comprar, por exemplo, um terreno com o dinheiro da petrolífera para de seguida, com o dinheiro também da petrolífera, construir no terreno um condomínio, registá-lo em nome privado e, por fim, vender o referido condomínio ao Estado, - petrolífera -, estratagema semelhante ao que foi feito com os contratos de reembolso que envolveram a petrolífera nacional entre os anos 2008 e 2013.
Tratava-se do primeiro sinal de loucura de quem a ganância lhe estava a fazer mal a cabeça. O dinheiro tem destas coisas: primeiro enlouquece quem o quer destruir.
A rota do saque do dinheiro público.
Uma das personagens reunia com os funcionários da obra e comunicava que o prédio tinha falado com ele...
Nunca o multimilionário (angolano) contou o segredo da conversa "tim-tim por tim-tim". Dizia apenas aos presentes que tinha tido um sonho para o bem de todos. E concluía nesses moldes:"Vamos destruir o prédio!".
Os presentes, estupefactos, olharam uns para os outros e ouviram estas palavras finais: "Com a destruição do prédio, vamos (todos) ganhar muito dinheiro. Este é o segredo". Os presentes terão batido palmas.
Uma verdadeira prosopopeia usada para convencer os trabalhadores à moda de uma ficção africana.
Foi assim que no mesmo terreno da antiga estação ferroviária do Bungo um prédio foi construído três vezes.
O nome Bungo vem da palavra "mbungo" que, na língua quimbundo, significa "buzina", e a antiga estação ferroviária do Bungo consta da toponímia da cidade de Luanda a partir de 1846.
Esta primeira parte do texto foi escrita não obedecendo o Novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa. A palavra "estória" é a forma antiga de utilização na língua portuguesa (arcaísmo), para se contrapor à História ", com "H" maiúsculo, que designa a ciência que estuda o passado, os acontecimentos e as transformações da sociedade ao longo do tempo.
Voltaremos no próximo mês com outros "Griots" (estórias).n
Até lá, boa leitura!
*Jurista e ex-bastonário da Ordem dos Advogados de Angola
Griots na mutamba
Os negócios milionários não declarados de Hong Kong
Circulam, volta e meia, na Mutamba, na sede da maior empresa de Angola, a petrolífera Sonangol, alguns "griots" (estórias) ocorridos na era Eduardista, tendo como enredo "os métodos utilizados no saque do dinheiro público".
A estória que contamos nesta edição dos "Griots da Mutamba" não tem autoria inocente, pelo menos, os factos têm verosimilhança com estórias ouvidas que envolveram o projecto habitacional Vida Pacífica, assim como os pagamentos na conta da Delta Imobiliária como intermediária, e os pagamentos feitos directamente pela empresa Sonip à CIF Hong Kong para desfalcar avultadas somas monetárias ao Estado angolano.
A estória que contamos nesta edição dos "Griots da Mutamba" não tem autoria inocente, pelo menos, os factos têm verosimilhança com estórias ouvidas que envolveram o projecto habitacional Vida Pacífica, assim como os pagamentos na conta da Delta Imobiliária como intermediária, e os pagamentos feitos directamente pela empresa Sonip à CIF Hong Kong para desfalcar avultadas somas monetárias ao Estado angolano.
