Este plano de aplicação de tarifas de 100% sobre, especialmente, a China, a Índia e o Brasil, foi desenhado pelo "falcão" Lindsey Graham, um senador americano, que prometeu "esmagar a economia russa" se o Kremlin não aceitar as condições norte-americanas para acabar com a guerra.
Este plano foi inicialmente ignorado pelo Presidente dos EUA, mas, depois, Donald Trump foi jogar golfe com Lindsey Graham e, antes de chegar ao primeiro buraco, mudou de ideias, abrindo aquilo a que os analistas, como Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, um buraco para o descalabro da economia norte-americana se vier, de facto, a aplicar essas sanções secundárias.
Isto, porque, como sucedeu aquando da primeira guerra tarifária com a China neste seu segundo mandato, que chegava aos 145%, foi obrigado a retroceder com estrondo depois de a China retaliar com tarifas semelhantes e suspender a exportação de terras raras, nomeadamente as com propriedades magnéticas, essenciais para vários sectores industriais nos EUA, especialmente o automóvel, aeroespacial e militar.
Agora, sem que os analistas como Sachs ou John Mearsheimer, da Universidade de Chicago, ambos com vasta obra publicada sobre geopolítica e geoeconomia, percebam, porque notam que não há nada que indique que Pequim irá agir de forma diferente desta vez, Trump volta a ameaçar com tarifas gigantes sobre três gigantes da economia mundial com potencial retaliatório que Washington não pode ignorar.
Esta declaração bombástica foi feita na Escócia, onde Trump foi para visitar o seu campo de golfe num igualmente seu empreendimento turístico, e aproveitou para reunir com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, com ambos a deixarem os media saber que nas suas cabeças está um plano com novas formas de pressão infalíveis para levar a Rússia a aceitar a paz.
E a redução do prazo dos 50 dias surge neste contexto, tendo mesmo a iniciativa sido anunciada imediatamente antes de se reunir com Starmer, que é, de longe, juntamente com o chanceler alemão Friedrich Merz, o mais empenhado defensor de uma entrada na guerra ao lado da Ucrânia para vergar a Rússia.
Dizendo-se "muito desapontado" com Vladimir Putin, Trump afirmou aos jornalistas que não espera que surjam mudanças no Kremlin, com mais ou menos dias, o que o levou a anunciar que as tarifas vão ser aplicadas dentro em breve.
A resposta russa, como o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, voltou a reiterar, tem sido sempre a mesma, exigindo que as negociações com Washington abordem as raízes profundas para este conflito, que são, no essencial, a questão da neutralidade ucraniana, o respeito pelas minorias falantes de russo no país, e o reconhecimento das regiões anexadas em 2014 e 2022 como sendo integralmente e de Direito parte da Federação Russa.
A par destas exigências, Moscovo mantém uma toada cada vez mais forte na guerra, como avanços relevantes, como não se viam desde o início da invasão, e ataques crescentes com drones e misseis em todo o território ucraniano alvejando não apenas as infra-estruturas militares e civis de interesse militar, como, sendo estas especialmente visadas, as áreas de armazenamento do equipamento militar que chega à Ucrânia enviado pelos aliados da NATO.