A Inteligência Artificial (IA) não é, forçosamente, uma "amiga" para sempre e pode ser uma ameaça para a Humanidade, adverte um dos seus mais famosos criadores, Geoffrey Hinton, Prémio Nobel da Física e Prémio Turing, e durante anos responsável na Google pela IA.

Numa intervenção na World Artificial Intelligence Conference (WAIC), na China, Geoffrey Hinton, como já tinha feito noutras ocasiões, especialmente depois de no ano passado ter abandonado a Google, onde estava no departamento de desenvolvimento da IA, pediu aos Governos de todo o mundo para se unirem no controlo efectivo desta ferramenta.

Isto, porque, para Geoffrey Hinton, a interacção diária de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo está a dar à IA uma força que um dia, não muito longínquo, se virará contra a Humanidade.

Este pioneiro da IA, e vencedor de dois dos prémios mais notáveis neste âmbito, o Nobel da Física e o Prémio Turing concedido anualmente pela Association for Computing Machinery (ACM), não tem dúvidas, mesmo que nalguns meios não seja levado muito a sério sobre esta sua posição, que existe um risco que não está a ser observado com a urgência que merece.

E é por isso que, ignorando os seus detractores, Hinton, que é ainda professor da Universidade de Toronto, Canadá, país de origem, pede aos lideres mundiais que se unam para exigir e legislar no sentido de garantir que a IA permanece sob controlo e não se desenvolverá até que se torne numa ameaça.

Garantindo que já não falta muito para que a IA ultrapasse claramente a inteligência humana, aproveitou esta intervenção na cidade chinesa de Xangai sobre a inteligência artificial para chamar a atenção para perigos como esta "coisa" poder criar estratégias de manipulação da opinião pública de forma autónoma.

Isso é possível, "já", com ciberataques ou a elaboração de vídeos falsos, mas no limite, o perigo pode chegar de forma letal com o acesso e o controlo a armas de destruição massiva, o que pode se, "ainda", controlado através de convenções internacionais impostas pelos países com o objectivo de acompanhar e impor limites ao seu desenvolvimento, especialmente as ferramentas de conrolo.

Segundo os media internacionais, Hinton considerou mesmo esta colaboração global táo importante ou mais que a que existiu entre a União Soviética e os EUA durante a Guerra Fria no que diz respeito às armas nucleares.

E deu mesmo um exemplo de fácil compreensão: se optarmos por ter um tigre como animal de estimação em casa, este deve ser treinado desde muito pequeno para não nos matar ou temos de nos livrar dele quando ainda é possível.

"Porque, tal como o tigre, num determinado momento poderá atacar sem que tenhamos forma de nos defendermos, também com a IA, num determinado momento, não muito distante no futuro, o gesto de desligar o botão já não será suficiente", alertou.

Há muito que se sabe que a necessidade de manter esta ferramenta sobre controlo está a ser descurada porque as grandes potências tecnológicas estão numa fase em que creem que desenvolver a IA sempre mais e mais é um passo imprescindível para não perder competitividade.

E, para já, as chamadas de atenção para o risco que isso representa está limitado a um pequeno grupo de pessoas, do qual Hinton faz parte, visto como "maluquinhos".