A greve paralisou a província de Luanda devido aos vários motins que se seguiram, sobretudo em bairros da periferia, que culminaram com a detenção de mais de 1.000 pessoas.
Os julgamentos estão a decorrer no Palácio Dona Ana Joaquina e estão a ser ouvidos neste momento 17 detidos (nove num só processo e oito noutro).
Para o Ministério Público (MP) estão a ser encaminhados igualmente dezenas de processos para a instrução processual.
As autoridades policiais confirmaram a detenção de mais de 1.200 cidadãos alegadamente implicados nos actos de vandalismo que se verificaram durante a greve dos taxistas.
O Novo Jornal soube que as esquadras policiais estão a abarrotar de detidos, a maior parte jovens, e a Polícia Nacional assegura que continuará a deter cidadãos envolvidos nos actos de sabotagem e arruaças.
Entretanto, a Ordem dos Advogados de Angola (OAA) assegura que vai defender estes cidadãos face ao número elevado de detidos.
Em comunicado, o conselho nacional da OAA apela à mobilização da classe para integrar as equipas de advogados que serão organizadas com vista a garantir que estes julgamentos ocorram com respeito pelos princípios da legalidade e imparcialidade, conforme estabelece a Constituição da República de Angola.
Segundo a OAA, esta acção insere-se no quadro das responsabilidades constitucionais e legais da OAA como entidade auxiliar da administração da justiça.
Polícia promete mais detenções e em diversos bairros é acusada de matar indiscriminadamente
A Polícia Nacional continua a fazer detenções em diversos pontos da província de Luanda, mas em alguns bairros está a ser acusada de matar indiscriminadamente, baleando sobretudo jovens que alegadamente estiveram envolvidos nos distúrbios, apurou o Novo Jornal
No município do Cazenga, há, segundo relatos da população, seis óbitos em que a polícia é apontada como a causadora. A mesma acusação é feita por diversos populares no município dos Mulenvos, na zona da Caop. Há relatos de mortes também em Cacuaco, Kilamba Kiaxi e Viana.
Nas redes sociais, multiplicam-se os vídeos que mostram jovens a ser baleados, muitos à queima-roupa, e também pontapeados e golpeados por agentes da Polícia Nacional.
Nos Mulenvos a população denuncia que houve várias pessoas executadas na calada da noite. Na zona da Caop uma mulher foi atingida mortalmente em frente ao filho, de 12 anos, durante os tiroteios efectuados pela polícia, quando fugia dos confrontos.
No Cazenga, na zona da 5ª Avenida, um jovem de 23 anos foi morto nas imediações da loja "Arreiou", pela polícia, segundo a família e a população.
Na última comunicação oficial da PN, as autoridades falam em 22 mortos, número considerado muito baixo pela população.