De acordo com a imprensa portuguesa, Isabel dos Santos, que tem a generalidade das suas participações, directas ou indirectas, em empresas portuguesas, onde investiu forte ao longo da última década, congeladas, avançou com esta acção para recuperar a sua capacidade de voto nas reuniões decisivas do banco.

Esta acção administrativa deu entrada na segunda-feira no Tribunal Administrativo e é mais um passo da empresária para responder aos fortes ataques de que tem estado a ser alvo depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana ter pedido o apoio à sua congénere portuguesa no âmbito dos múltiplos processos de que foi alvo em Angola para a recuperação de mais de 5 mil milhões de USD alegadamente subtraídos ao estado.

Recorde-se que pouco depois de terem sido instaurados os primeiros processos judiciais conra Isabel dos Santos em Angola, ainda em Dezembro de 2019, logo em Janeiro de 2020 rebentou o escândalo Luanda Leaks, onde foram analisados mais de 715 mil ficheiros pela ICIJ, colocando em questão um conjunto de transferências feitas pela Sonangol nos derradeiros momentos da sua passagem pela petrolífera como PCA, mas que, recentemente, segundo o Jornal de Negócios, afinal, foram efectivamente pagos às consultoras e não amealhados por uma empresa da empresária no Dubai.

Nestas notícias sobre a acção interposta contra o Banco Central português, como nota o ECO, Isabel dos Santos detém uma participação de 42,5% no EuroBic através de duas sociedades: a Santoro Financial (25%) e Finisantoro Holding (17,5%). Tanto o banco como estas duas entidades financeiras surgem como partes contra-interessadas no processo agora movido por Isabel dos Santos.

O mesmo jornal lembra que esta acção administrativa surge depois de a empresária angolana ter apresentado em Outubro um processo cautelar contra o supervisor e que tinha os mesmos contra-interessados. Fonte próxima do assunto disse ao ECO que a empresária questionava, nessa acção cautelar, o processo administrativo para inibir os seus direitos de voto no banco.

Lembre-se que a investidora, pressionada fortemente em Luanda e em Lisboa, após o Luanda Leaks, optou por colocar à venda a sua participação em diversas empresas, incluindo a no EuroBic, mas também na Efacec, entre outras, depois de verificar que tinha as suas contas congeladas por indicação da PGR angolana à sua congénere lusa.

O Eco lembra ainda que, depois de falhada a venda aos espanhóis da Abanca, a empresária chegou a um acordo com o líbio Roger Tamraz para alienar a sua posição num negócio que está avaliado em mais de 142 milhões de euros.