Esta votação passou a ser melindrosa para o Presidente republicano depois de se conhecer que duas republicanas na Câmara dos Representantes tinham mudado o sentido de voto, arriscando muito ao enfrentar a liderança do Congresso que é do seu partido.

Este momento explosivo para Donald Trump surge depois de três desses documentos serem tornados públicos (ver aqui) onde o seu nome emerge conotado a episódios no
âmbito deste escândalo de pedofilia global que, recorde-se, envolve mesmo a monarquia britânica e dezenas de nomes de figuras proeminentes da política e da finança, alguns já falecidos.

Segundo os media norte-americanos, o Presidente Trump está agora fortemente pressionado porque já é claro que o seu nome surge ao longo desses 20 mil documentos como pipocas em frigideira com óleo a ferver.

O pivot deste escândalo internacional de pedofilia, Jeffrey Epstein, surge em pelo menos três documentos já conhecidos a citar Donald Trump como um frequentador habitual desses locais, afirmando inclusive que sabe pormenores da sua vida que lhe podem arruinar a carreira política.

Dos ângulos desta rede de tráfico de raparigas mais referidos nos media internacionais estão os encontros nas várias mansões de luxo que Epstein tinha espalhadas pelo mundo, deslocando os "clientes" e as meninas em aviões privados não menos luxuosos.

Para evitar que os 20 mil ficheiros sejam divulgados, o republicano, que nega veementemente tudo o que está nos mails e que o implicam nas actividades criminosas de Epstein, está, segundo The Guardian, a pressionar fortemente as Representantes do seu partido que resolveram ir contra-corrente e votar pela divulgação dos ficheiros.

Curiosamente, depois de o próprio Trump e a sua máquina de campanha terem prometido que divulgariam estes documentos se vencessem as eleições de Novembro do ano passado, através das quais reingressou na Casa Branca para um segundo mandato, o que alguns republicanos aproveitam para afirmar que o que diz Epstein é inventado porque Trump não podia prever que essas frases existiam nos ficheiros.

E se os esforços que segundo The New York Times, bem como vários outros media, estão a ser feitos pelo aparelho das Casa Branca para demover as duas republicanas, Lauren Boebert, eleita pelo Colorado, e Nancy Mace, da Carolina do Sul, não resultarem, os EUA podem estar à beira de um furacão político raramente visto no país e no mundo.

Para já, estas duas mulheres não aceitaram retirar os seus nomes de uma petição que exige que o Congresso vote mesmo um pedido de levantamento do sigilo que impende sobre estes 20 mil documentos, mesmo depois de Trump as "convidar" para a Casa Branca.

A favor de uma votação favorável a essa libertação está o facto de as sondagens recentes mostrarem que a base eleitoral de Trump, denominada MAGA (Make America Great Again) exige conhecer estes ficheiros, como lhe foi prometido pelo agora Presidente durante a campanha eleitoral.

É que se tal não acontecer, provavelmente os republicanos vão perder as maiores que têm nas duas Câmaras do Congresso, nos Representantes e no Senado, nas intercalares do próximo ano, além de que muitos estados podem igualmente mudar de governadores de republicanos para democratas.

Recorde-se que as coisas começaram a ficar perigosas para Donald Trump, que estava convencido que o seu nome tinha sido "limpo" dos ficheiros, quando o líder da rede pedófila internacional escreveu num email para um conhecido cronista social e biografo do Presidente, Michael Wolf, que "Trump sabia das raparigas".

Para já, mesmo antes de se saber o conteúdo dos documentos, os media internacionais publicaram e divulgaram centenas de vídeos e fotografias onde Trump e Epstein aparecem juntos, a beber e a rir, ou ainda na companhia de raparigas muito jovens, mas sem que, até se conhecerem estes documentos, fosse possível provar qualquer relação criminosa.

Mas, para já, a mare parece estar a mudar e vários destes documentos já foram publicados, dentre os que estão na posse do Congresso, que são considerados mais ligeiros que os que foram guardados pelo FBI.

Frases ligadas a Jeffrey Epstein, que, recorde-se, foi detido e apareceu morto na sua cerla em 2019, naquilo que foi considerado um suicídio oficialmente mas envolto em suspeitas de que se tratou de queima de arquivo, colocam-no a dizer que Trump "sabia das raparigas" ou que "Trump é um cão que não ladra".

Noutro documento, criado a partir de um email para a sua aliada e companheira, a cumprir uma pena de 20 anos de cadeia, a britânica Ghislaine Maxwell, Epstein informa-a que Trump passou "longas horas" com uma das meninas no quarto.

E naquela que é a mais brutal referência ao agora Presidente dos EUA, igualmente num email, Jeffrey Epstein, vários anos antes da sua morte, escreveu que tinha "encontrado gente muito má na sua vida, mas ninguém tão mau como Donald Trump" que, acrescentou, "ser um maníaco que não tem uma célula decente no seu corpo".

De que modo este escândalo pode afectar o mandato de Trump, não é ainda claro, porque se os danos podem ser controlados por agora, se os 20 mil ficheiros forem mesmo libertados, todo o mandato que resta por cumprir, quase três anos, ficará totalmente dominado por este tema, que pode levar ainda a um processo de destituição (impeachment).

Aliando este caso melindroso aos problemas que o país atravessa na sua economia, com inflação elevada e desemprego crescentes, tudo o que Trump prometeu combater, provavelmente as eleições intercalares do próximo ano serão um desastre para os republicanos.

Mas, como outros Presidentes dos EUA fizeram antes, Donald Trump tem sempre uma escapatória, que será abrir uma guerra algures no mundo. E a Venezuela está mesmo ali ao lado... Mas a Nigéria também já foi ameaçada.