Já hoje, na abertura do mercado londrino, o Brent, que afina o valor médio das ramas exportadas por Angola, o barril de crude remontou para lá dos 64 USD - apesar de ao longo da manhã ter perdido ímpeto, acabando por perder os ganhos iniciais. Estava nos 63,15 USD cerca das 15:30 -, a partir dos sinais enviados pela Saudi Aramco, a petrolífera saudita, que apontam para que as informações sobre uma recuperação célere das exportações do gigante árabe do petróleo não se vai confirmar.
Isto, como explica a Reuters, aparece como possibilidade depois de se ter sabido que a Saudi Aramco pediu aos seus clientes para mudarem a graduação do crude, para maior concentração de enxofre, e para aceitarem atrasos no envio das cargas, o que indicia que o equipamento destruído pelos misseis e drones disparados pelos rebeldes Houthis, do Iémen, cuja reivindicação foi imediata, em Abqaiq, vai demorar significativamente mais tempo que o anunciado na semana passada.
Alguns jornais e sites estão mesmo a avançar que as reparações podem demorar mais de um ano porque os equipamentos a substituir têm de ser fabricados e enviados para o local.
Fontes das empresas contratadas para os trabalhos disseram ao Wall Street Journal que as reparações não podem ser, nem de perto, concluídas nas escassas semanas apontadas pelas autoridades sauditas nos dias após os ataques.
A companhia saudita estimava que até ao final de Setembro, menos de 15 dias após os ataques, a situação estivesse parcialmente normalizada e que os 5,7 milhões de barris por dia que ficaram offline a 14 de Setembro voltassem aos oleodutos da exportação.
Entretanto, a guerra espreita...
por detrás das afirmações do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que de imediato culpou o Irão pelos ataques, apesar de Teerão negar tal de forma veemente, e do Governo saudita ter feito o mesmo para pressionar um ataque dos EUA àquele país, surgem agora semelhantes declarações do primeiro-ministro britânico.
O igualmente destemperado, como tem sido comummente apelidado pela imprensa britânica, Boris Johnson, veio a terreiro juntar a sua voz à de Donald Trump, o que tem o peso simbólico de fazer lembrar que as duas guerras do Golfo, em 1991 e em 2003, tiveram como pilares das coligações que as protagonizaram os EUA e o Reino Unido.
Embora o Presidente Trump pareça estar mais inclinado para castigar o Irão com mais pesadas sanções, a verdade é que o próprio já afirmou que um ataque ao Irão não está fora de contexto e que pode suceder a qualquer momento.
Tanto os EUA, como a França e as Nações Unidas, a par da Arábia Saudita, têm em curso inquéritos para apurar o grau de participação iraniano nos ataques, sendo que, aparentemente, os misseis e drones utilizados são de fabrico iraniano.
Mas isso, para Teerão, nada quer dizer, porque é sabido que os rebeldes Houthis são apoiados pelo Irão na luta contra o Governo do Iémen, que, por sua, vez, conta com o apoio saudita e dos Emirados Árabes Unidos, que utilizam material militar norte-americano, o que poderia, seguindo a mesma lógica, indicar que Washington está a atacar território iemenita.
Apesar desta negação de responsabilidades por parte do Irão, Londres é a última peça de uma coligação que está em crescendo para unir esforços e atacar o Irão, o que, para já, conta com um substancial reforço de meios militares dos EUA no Golfo Pérsico.
Ao mesmo tempo, a China e a Rússia já vieram chamar a atenção para a necessidade de manter o foco no bom senso, apelando a que os EUA retirem o dedo do gatilho, como Trump disse que tinha após os ataques, porque isso seria trágico para todos.
E o Irão já disse que se os EUA estão a pensar que podem manter uma guerra geograficamente limitada com o Irão, estão enganados, porque um ataque a território iraniano significaria uma imediata implosão de todo o Médio Oriente.