A recente passagem do furacão "Ian" pelo Golfo do México, obrigando dezenas de plataformas a fechar por razões de segurança, reduzindo o volume da oferta global em mais de 1 milhão de barris por dia (mbpd) e o ataque por desconhecidos, ainda, aos gasodutos russos no Mar Báltico, também estão a ajudar a insuflar o barril.
Mas é o anúncio, mesmo que por fontes anónimas, da forte possobilidade de um novo corte na produção do cartel OPEP+ - que junta os 13 países exportadores (OPEP) e 10 desalinahdos encimados pela Rússia - na sua reunião de 05 de Outubro que está a dar um impulso à matéria-prima.
Perto das 14:30, hora de Luanda, o barril de Brent estava a valer em Londres 89,91 USD, +0.81% que no fecho da sessão de quarta-feira.
Esta situação agrada ao Governo angolano, embora não se saiba, como é comum, qual a posição de Luanda no âmbito destes encontros dos membros da OPEP+, porque o país ainda depende em 35 % do crude para formar o seu PIB, o petróleo corresponde a 95% das suas exportações e é ainda fonte de quase 60% das suas receitas fiscais, e a subida ou descida de 1 USD no valor do barril acaba por resultar em oscilações de milhões nas contas públicas.
Namíbia, o futuro grande produtor africano?
Depois de, como o Novo Jornal noticiou, da descoberta de um gigantesco campo de crude no território namibiano do Okavango, explorado por uma empresa canadiana, a ReconAfrica, com um potencial de biliões de barris, agora é a francesa TotalEnergies que divulgou a descoberta de um campo petrolífero com um potencial superior a 6,5 mil milhões de barris no mar do país vizinho.
A consultora multinacional Wood Mackenzie Ltd foi quem estimou que a descoberta da petrolífera francesa na Namíbia aponta para um potencial superior aos 6,5 mil milhões de barris e isso só a partir dos dados recolhidos de um poço.
O CEO da TotalEnergia, Patrick Pouyanne, avançou mesmo que se trata de um campo gigante e admitiu que se trata de uma estimativa por baixo porque se baseou nos dados de apenas um poço.
Mas esta não é a única descoberta anunciada no offshore namibiano, na parte sul do país, junto à fronteira com a África do Sul, na denominada Bacia Orange, porque a holandesa Shell também anunciou a descoberta de um campo muito semelhante ao da Total.
Com o surgimento da Namíbia como grande produtor, a posição de Angola neste negócio entra num túnel ventoso onde o risco cresce na proporção exacta daquilo que vier a ser revelado quanto à facilidade, custos inerentes, à extracção do petróleo no país vizinho.
Isto, porque se o breakeven por barril se revelar mais baixo que em Angola, o que é uma possibilidade, e se o investimento se revelar optimista para as multinacionais, então, no futuro breve, quando o mundo atravessa um momento de urgente transição para as energias renováveis devido ao impacto da polição nas alterações climáticas, facilmente se poderá assistir a um desinvestimento no offshore angolano.