Na passada sexta-feira, os mercados internacionais observaram aquele que foi o fim de uma semana que "acolheu" a maior queda no valor do barril de crude deste ano, tanto no Brent londrino, como no WTI de Nova Iorque.
Como pano de fundo para este declínio acentuado do valor da matéria-prima está a persistente guerra comercial travada por chineses e norte-americanos que, no último ano, já levou Washington, pela mão de Donald Trump, a aplicar 200 mil milhões de dólares em taxas suplementares sobre importações de bens Made in China, com Pequim a replicar com mais de 60 mil milhões, e o pior pode ainda pode estar para vir.
Isto, porque, para além das tarifas a escaldar, o Presidente Trump resolveu apimentar ainda mais esta "guerra" que tem potencial de causar danos em todo o mundo com um ataque directo à jóia da coroa chinesa: o gigante tecnológico Huawei, a quem acusa de estar a colocar em causa a segurança nacional.
Trump, com estes ataques diz querer pressionar Pequim a abrir a sua economia, deixar de apoiar os privados para lhes proporcionar uma mais ágil competitividade global, importar mais dos EUA, não "roubar" tecnologia americana e, no que diz respeito à Huawei, que dê garantias de que os seus telemóveis de ponta "deixam" de servir de antenas para espiarem o que os EUA querem manter em segredo.
Sobre o gigante tecnológico, Trump recuou ligeiramente, concedendo uma espécie de "liberdade condicional" por três meses de forma a que os países que têm a Huawei como suporte das suas múltiplas "networks" - é disso exemplo pesado a realidade do continente africano e Angola não escapa - se adaptem à nova realidade, mas o mal está feito e os mercados não conseguiram deixar de reagir a esta agressividade entre as duas maiores economias mundiais, especialmente o mercado petrolífero, mas também nas bolsas.
Com a revisão do Orçamento Geral do Estado para 2019, onde o Governo retirou 13 USD ao preço de referência do barril de petróleo, de 68 para 55 USD, Angola consegue proteger-se minimamente desta oscilação em baixa do valor da matéria-prima, mas o impacto é evidente e negativo.
É por causa desta dependência angolana das exportações de crude que, na Cimeira da OPEP que vai ter lugar no próximo mês, em Viena de Áustria, Angola deverá defender de forma clara a manutenção dos cortes que desde 01 de Janeiro, envolvendo ainda os parceiros do "cartel" liderados pela Rússia neste esforço, retiraram 1,2 milhões de barris por dia para manter os preços do barril controlados e em alta.
Recorde-se que a tensão Irão-EUA, por causa das sanções impostas por Washington a Teerão no âmbito do acordo nuclear do qual saiu de forma unilateral, levando a uma forte diminuição das exportações iranianas, e a crise política na Venezuela, estão a contribuir igualmente para esta pressão sobre os mercados de petróleo.