De acordo com os responsáveis da empresa de bebidas, os bancos comerciais não estão a cumprir o acordo de cedência de divisas para o pagamento no estrangeiro da matéria-prima utilizada para a produção. Esta situação levou já à paralisação de alguns turnos na fábrica de Viana, segundo o presidente da comissão executiva da Refriango.
"Temos algumas linhas de produção que tivemos de reduzir os turnos e deixaram de funcionar", disse Carlos Santos. Condição que poderá se agravar nos próximos meses caso não sejam pagas algumas facturas de importação, como garante o administrador Estevão Manuel.
"Não é um problema de matéria- -prima mas sim de falta de pagamento por parte dos bancos comerciais. Porque quando compramos precisamos de divisas para pagar as facturas que temos no exterior do país e a banca não está a conseguir garantir isso. Pelo que estamos a ver, poderá haver rotura de stocks, o que nos obrigará a paralisar toda a produção e com grandes prejuízos", avançou Estevão Martins.
O administrador considera que os bancos estão a dar garantias falsas aos investidores porque comprometem-se com os pagamentos atempados o que não está a acontecer na realidade e defende um a intervenção directa do Executivo para o bem da indústria nacional. "Os bancos falam que sim mas na verdade não estão a pagar as facturas. E as que pagam estão a fazer com grandes atrasos. É preciso saber quais são as prioridades. O governo deve estabelecer uma relação da necessidade dos produtos até porque adquirimos matéria-prima fora do país, não por quer, mas porque o mercado nacional não nos oferece", explica o administrador do grupo. O descontentamento dos responsáveis da Refriango agrava-se à medida que nos portos do país continuam a chegar produtos acabados que também exigem a disponibilidade de divisas.
"Continuamos a notar navios a chegarem com os produtos importados. Necessariamente estes produtos importados chegam com a disponibilização de divisas em detrimento daquilo que é matéria-prima que fazem manter as nossas fábricas em funcionamento e criam empregos para milhares de jovens", concluiu o administrador Estevão Martins. As consequências com a falta de divisas multiplicam-se na fábrica de bebidas, afectando projectos futuros de desenvolvimento.
"Adiamos alguns investimentos de desenvolvimento que tínhamos previsto assim como a contratação de mais colaboradores angolanos para este ano e até percebermos o que vai acontecer somos abrigados a suspender estes projectos", esclareceu o presidente da comissão executiva da Refriango.
Fontes da banca disseram a este Jornal que o atraso no pagamento de facturas no exterior não é exclusiva da Refriango e que em muitos a demora acontece no BNA. "Muitas empresas e até pessoas singulares estão a viver esta situação. E em alguns casos a culpa não é apenas dos bancos. O BNA tem também alguma responsabilidade devido à demora no licenciamento das facturas", disse o nosso interlocutor.
Para minimizar os transtornos com as actuais dificuldades, a nossa fonte aconselha os investidores a negociarem com os seus fornecedores períodos maiores para o pagamento das mercadorias.
"Existem importadores que têm uma relação longa e de confiança com determinados fornecedores e nestes casos o melhor a fazer é negociarem os tempos de pagamento. Porque as facturas estão a ser pagas apesar de alguma demora. E importadores como a Refriango devem ter de certeza esta relação de confiança com os seus fornecedores", disse.
A Refriango tem no mercado 16 tipos de bebidas diversas entre não alcoólicas e alcoólicas que exporta para nove países africanos e um europeu, no caso Portugal.