A indefinição sobre o futuro do AFRICOM foi esta quarta-feira, 28, noticiado pelos media norte-americanos a partir de declarações do seu chefe militar, general Michael Langley, que admitiu a revisão do papel do comando militar face aos novos desafios dos EUA no continente.
Uma das razões para esta indefinição sobre o futuro do AFRICOM, com alguns media a falarem na possibilidade de a Administração Trump lhe fechar as portas para recentrar as prioridades na política interna, foi a pressão sentido na África Ocidental, com a expulsão das forças em países como o Níger ou o Chade.
Isto sucedeu com a perda de influência ocidental, França e EUA, no Sahel, o que coincidiu com uma aproximação de países como o Mali, o Burquina Faso ou o Níger, à Rússia, levando mesmo a uma humilhante retirada da presença francesa nesta relevante geografia.
Ainda neste contexto, como explicou o general Langley, citado pela Reuters, Washington quer ouvir a voz dos países africanos sobre a presença militar norte-americana no continente, e sobre que direcção deve tomar o AFRICOM no contexto de uma possível restruturação.
Estas declarações do comandante máximo do AFRICOM foram feitas no Quénia, onde decorre uma CImeira de chefes militares do continente, e citadas pela Reuters, tendo estas afirmações um contexto de dúvida que surgiu depois de o Presidente Trump ter questionado o seu futuro.
Isso sucedeu quando pouco depois de tomar posse, o Presidente norte-americano ter sugerido que o AFRICOM poderia deixar de ter um comando autónomo, bem como uma redução de meios ao seu dispor, passando a ser chefiado pelo EUCOM, o análogo europeu.
Em nada estes desenvolvimentos surpreenderam os analistas, porque uma das apostas da Administração Trump, decorrentes das suas propostas eleitorais, era a redução significativa da presença militar dos EUA no mundo, diminuindo especialmente a pegada militar em África.
Para já, segundo as notícias nos media norte-americanos, o desenho definitivo do AFRICOM, incluindo o seu desmembramento, passam pelo que for dito pelos comandantes miliyares africanos, bem como os Governos dos países onde a presença norte-americana é mais sentida.
O general Langley disse no Quénia que os EUA esperam que os países africanos devem agora, através dos seus embaixadores em Washington, expor as suas posições ao Governo dos EUA e depois ver-se-á como lidar com o futuro deste comando militar.
O AFRICOM foi criado em 2008 e até esse ano, a sub-região africana estava sob a alçada do comando europeu, tendo a sua criação sido na altura usada para consolidar o interesse de Washington no continente, especialmente na África Ocidental e Oriental, onde crescia, e cresce ainda, a presença de radiais islâmicos ligados a al qaeda, `estado islâmico' ou outros.
Além disso, este comando foi visto como uma advertência a Moscovo e a Pequim de que o continente africano não estava sem vigilância na sua fulgurante expansão, a China mais antiga, e a Rússia a retomar áreas de influência que não tinha desde a queda da URSS.
No entanto, como o demonstram os últimos anos no Sahel, nem os EUA nem a França, a antiga potência colonial, conseguiram travar a expansão da Rússia, com casos de maior adstringência, sendo disso o exemplo o Mali, Burquina e Níger, que cortaram mesmo relações com Paris depois do poder ter sido conquistado através de golpes de Estado liderados por juntas militares próximas de Moscovo.
Apesar de terem surgido rumores sobre o interesse dos EUA em criar uma base militar em Angola, especialmente durante a visita do Presidente Joe Biden a Luanda, no início de Dezembro do ano passado, essa possibilidade nunca foi oficialmente admitida.
Mas noutras latitudes, como no Níger ou no Chade, a presença militar norte-americana foi extinta por imposição dos governos locais, o que levou o AFRICOM a repensar a sua localização, especialmente depois de ter sido obrigado a retirar mais de mil militares da sua base no Níger.
Embora em menor número, Washington também retirou pessoal da capital do Chede, N'Djamena, cerca cem elementos, depois ter igualmente recebido ordem de saída das autoridades chadianas.