O avisou foi deixado pelo porta-voz do Governo chinês, Lin Jian, logo depois de avisar Washington que "exercer extrema pressão sobre a China é o alvo errado e o cálculo errado" o porque se os EUA insistirem nesse caminho, "a China vai combater até ao fim".

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse claramente que "se os EUA tem outras intenções e insistir na guerra de tarifas, guerra comercial ou qualquer outra guerra, a China vai combater até ao fim".

"Nós aconselhamos os Estados Unidos para deixarem de lado a sua política de bullyng e regressem ao trilho correcto do diálogo e da cooperação o mais depressa possível", avisou Lin Jian, naquela que é já a mais dura declaração de Pequim face aos EUA em muitos anos.

A resposta norte-americana não podia ser mais assertiva e reveladora de que também em Washington se admite já que um confronto bélico com a China começa a ganhar contornos de inevitabilidade.

E foi o próprio secretário da Defesa, Pete Hegseth, que veio dizer que o seu país "está pronto para a guerra" com a China, naquilo que é, sem dúvida, uma escalada retórica entre os dois gigantes económicos mundiais e já igualmente duas superpotências militares com capacidades convencionais e nucleares para reduzir o planeta a cinzas...

Pelo que os media descrevem, esta reacção dos EUA parece mostrar que em Washington se estava à espera que a China aceitasse sem retaliar a imposição de duras tarifas sobre as suas exportações, tendo, pelo contrário, provocado uma escalada de contornos ainda indefinidos mas claramente perigosos.

Pete Hegseth foi a uma estação de televisão norte-americana dizer que os EUA "estão preparados para qualquer tipo de guerra com a China" porque aqueles que "procuram a paz, têm de estar preparados para a guerra".

"Vivemos hoje num mundo perigoso com países ascendentes poderosos que têm ideologias muito diferentes das nossas", explicou, acrescentando que esses países, numa alusão clara à China, que "estão a aumentar muito as suas despesas com a defesa, com a modernização tecnológica, visando suplantar os Estados Unidos".

E concluiu que se os EUA quiserem prevenir uma guerra com a China ou com outros paísesa ascendentes, vai ser necessário "ficar mais fortes", naquilo que parece sem o anúncio do reforço na Defesa por parte de Washington, que já tem, de longe, o maior orçamento militar do mundo (1 bilião de dólares), ultrapassando largamente os da China (240 mil milhões) e da Rússia (90 mil milhões) juntos.

Esta guerra, para já apenas de palavras e de tarifas, recrudesceu com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, retomando a que guerra comercial que iniciou no seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, embora agora com maior relevância porque a China, entretanto, ganhou dimensão não apenas económica mas igualmente militar.

Um dos objectivos estratégicos que são públicos dos EUA é conter a crescente influência chinesa no Indo-Pacífico, onde os EUA também definiram estar os seus mais importantes interesses estratégicos.

Uma das teses com crescente ligação à realidade que mais emerge desta disputa global envolvendo as três superpotências militares, EUA, China e Rússia, que tem um pilar na guerra da Ucrânia, é que os EUA estão com receio de que dentro de alguns anos lhes seja impossível suplantar militarmente a China, cujas forças evoluem a um ritmo inesperadamente veloz.

Mas esse tempo pode ter surgido sem que em Washington se tivesse dado conta ou conseguido evitar, que foi o surgimento da parceria entre russos e chineses, que o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros,Wang Yi, considerou "sólida como uma rocha".

Isto, porque se os EUA são ainda um poder militar largamente superior ao da China, tanto convencional como nuclear, em conjunto russos e chinesas suplantam largamente os americanos.

Além disso, a junção da capacidade industrial chinesa e a sua população militar recrutável e os recursos naturais infindáveis e a poderosa tecnologia militar russa fazem da parceria sino-russa, não apenas "sólida como uma rocha" mas igualmente inultrapassável...

É por isso que cresce a tese de que as inesperadas cedências dos EUA aos russos no contexto da guerra na Ucrânia, nomeadamente a pressão sobre Kiev para aceitar as condições de Moscovo para negociar um acordo de paz, estejam a ser vistas nalguns foros como uma espécie de moeda de troca para reduzir a solidez da parceria entre russos e chineses.

Em pano de fundo para este flamejante cenário está a procura de uma nova ordem mundial pelo eixo Pequim-Moscovo, com apoio da Índia e de vários outros países do denominado Sul Global, que visam alterar a hegemonia global norte-americana e ocidental que dura desde a II Guerra Mundial por outra baseada na cooperação entre iguais.