O Papa Francisco ficará na História do mundo como "um grande líder espiritual". Queria uma Igreja onde coubessem "todos, todos, todos", e mesmo os ateus viram neste sacerdote católico latino-americano e jesuíta a voz dos que nunca têm voz.. Defendeu os pobres, os imigrantes, as minorias e apelava incansavelmente aos caminhos da Paz. Na sua última aparição pública, no domingo de Páscoa, num derradeiro esforço, apelou ao cessar fogo em Gaza. Num tempo em que o conservadorismo vai tomando conta do mundo, muito por causa dos ventos que sopram dos Estados Unidos de Trump, o que esperar do novo ocupante do trono de São Pedro?
O próximo "Habemus Papam" ("Temos um Papa", em português), que anuncia aos católicos que um novo pontífice foi eleito e que o escolhido aceitou a eleição, poderá, desta vez, servir para anunciar um chefe da Igreja Católica africano, embora nas "apostas" dos media internacionais os continentes asiático e europeu estejam tão ou melhor posicionados...
Entre os favoritos está Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa e cardeal da Igreja Católica. É conhecido pelas suas posições conservadoras sobre questões como a sexualidade e o casamento, e por ter liderado a decisão de não aplicar a "Fiducia Supplicans", que permite que padres concedam bençãos espontâneas a pessoas em diversas situações, incluindo casais que não estão formalmente casados de acordo com a doutrina católica, e mesmo casais do mesmo sexo, no continente africano.
Robert Sarah é considerado um dos expoentes máximos do conservadorismo católico. É um forte opositor do casamento homossexual e das políticas de género e um defensor intransigente da vida desde a concepção.
Peter Turkson, cardeal do Gana, de 76 anos, é apontado como sendo um dos favoritos entre os favoritos. Pertence à ala mais liberal da Igreja, com uma postura progressiva em questões LGBT e ao fim do celibato para os padres.
A escolha do novo líder da Igreja Católica principia entre 15 e 20 dias após a morte do Papa. O Vaticano convoca o chamado Colégio dos Cardeais, com religiosos do mundo inteiro. Actualmente, 252 cardeais integram esse grupo, mas, desse grupo, apenas 135, com menos de 80 anos, participam na eleição do novo Papa.
Segundo as actuais normas da Igreja Católica, 135 cardeais vão ser responsáveis por escolher o futuro Papa, em Conclave, pois apenas os cardeais que não tenham já cumprido 80 anos de idade no primeiro dia da Sé vacante serão escolhidos entre os 252 membros do Colégio Cardinalício.
Dos 135 cardeais eleitores, 108 foram escolhidos pelo Papa Francisco, 22 por Bento XVI e 5 por São João Paulo II.
Neste Conclave, a Europa representa 39% do total, com 53 eleitores (alguns dos quais com responsabilidades eclesiais noutros continentes), a América com 37, a Ásia com 24, África com 18 e a Oceânia com 4. Os países com mais cardeais no Conclave, entre as 73 (49, em 2013) nações representadas, são a Itália (17 eleitores - face aos 28, em 2013), Estados Unidos da América (10), Brasil (7), Espanha, França e Índia (5 cada), mais de um terço do total.
No Conclave vão também estar presentes os portugueses D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação; e D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, todos nomeados pelo Papa Francisco.