Em Oslo, o Comité Nobel Norueguês justificou a decisão pela "promoção do direito de criticar o poder e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos" dos laureados nos respetivos países de origem. "Fizeram um esforço notável para documentar crimes de guerra, abusos dos direitos humanos e abuso de poder. Demonstram a importância da sociedade civil para a paz e a democracia."
"Ao conceder o Prémio Nobel da Paz de 2022 a Ales Bialiatski, a Memorial e ao Centro de Liberdades Civis, o Comité Nobel da Noruega deseja homenagear três destacados campeões de direitos humanos, democracia e coexistência pacífica nos países vizinhos Bielorrússia, Rússia e Ucrânia. Pelos seus esforços consistentes em defesa dos valores humanistas, antimilitarismo e princípios do direito, os laureados deste ano revitalizaram e honraram a visão de paz e fraternidade entre as nações de Alfred Nobel - uma visão necessária no mundo de hoje."
Ales Bialiatski foi um dos percursores do movimento democrático que surgiu na Bielorrússia em meados da década de 1980. E dedicou sua vida a promover a democracia no seu país. Em resposta às polémicas emendas constitucionais que em 1996 deram ao Presidente poderes ditatoriais, fundou a Viasna (Primavera), organização que apoiou os manifestantes detidos em protestos contra o governo Nos anos que se seguiram, a Viasna transformou-se numa organização de direitos humanos mais ampla, que combateu em especial o uso de tortura de presos políticos.
O próprio Ales Bialiatski esteve preso entre 2011 e 2014 e em 2020 voltou a ser detido na sequência de protestos contra o regime e contunua preso sem nunca ter tido sem direito a julgamento.
O prazo para o envio de candidaturas terminou a 31 de janeiro, quase um mês antes do início da intervenção militar russa na Ucrânia (em 24 de fevereiro). No entanto, os membros do Comité Nobel Norueguês podem propor os seus próprios candidatos na primeira reunião do Comité, que este ano teve lugar no início de março.
Antes de anunciar o vencedor, o Comité Nobel apenas divulgou o número de candidatos, que este ano foi de 343 (251 dos quais são pessoas e 92 organizações). Um número superior aos 329 candidatos do ano passado e o segundo mais elevado de sempre, pertencendo o recorde aos 376 candidatos nomeados em 2016.
Como acontece também nas outras categorias, as identidades de quem nomeia e dos nomeados ao prémio Nobel da Paz só podem ser divulgadas 50 anos após a nomeação, assim como investigações e pareceres relacionados com a atribuição de um prémio.
Em 2021, o galardão foi atribuído aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão.
A cerimónia de entrega do Nobel da Paz realiza-se a 10 de dezembro (no dia da morte de Alfred Nobel) em Oslo, na Noruega, onde os laureados recebem o prémio, que consiste numa medalha e num diploma, juntamente com um documento que confirma o montante monetário do galardão, que este ano é de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 919 mil euros, no câmbio actual) para cada categoria.