Numa primeira reacção, Boric assegurou que será o Presidente de "todos os chilenos", no decurso de um contacto telefónico transmitido pela televisão com o chefe de estado cessante, o conservador Sebastián Piñera.

"Serei o Presidente do Chile de todos os chilenos e chilenas, não governarei apenas entre quatro paredes", manifestou durante o diálogo, uma tradição que sempre se verifica nas eleições chilenas.

O seu opositor, o advogado de extrema-direita José Antonio Kast, com 44,92% dos votos, também já reconheceu a vitória do ex-líder estudantil.

Boric, de 35 anos e líder da Frente Ampla, representa a parte da sociedade chilena que quer "mudanças profundas" e que participou nos massivos protestos pela igualdade de 2019: quer melhores pensões, educação, saúde e põe muita ênfase no ambientalismo e no feminismo.

Kast, o candidato da extrema-direita, de 55 anos, é um católico fervoroso e pai de nove filhos, parte de um clã familiar que teve laços políticos com a ditadura de Pinochet, um regime com o qual se mostrou complacente em diversas ocasiões, e é mais favorável à manutenção do 'status quo' e à colocação dos valores conservadores e da família no centro de tudo.

Os especialistas consideravam que a diferença entre ambos iria ser muito curta e dependeria da participação, quando a primeira volta de 21 de Novembro registou uma abstenção de 50%.

Segundo os dados oficiais, Boric obteve um amplo apoio na capital, onde se concentra metade dos eleitores, e em outras regiões com importantes núcleos urbanos, como Valparaíso onde obteve quase 20 pontos de vantagem.

Entre os principais desafios do futuro Governo incluem-se a crise social que permanece desde os grandes protestos de 2019, a aplicação das normas da nova Constituição e os problemas económicos agravados pela pandemia.