Vladimir Putin usou a imagem recorrente, tanto do lado russo como do lado ocidental, para salientar a ideia de que uma solução negociada para a guerra na Ucrânia depende do outro lado da barricada: "A bola está do lado do campo de Kiev e dos seus apoiantes europeus para uma solução negociada".
Nesta conversa em Moscovo, com transmissão em directo para toda a Rússia, e que está a ser acompanhada ao minuto em vários media ocidentais, embora sem o empenho que, por exemplo, merecem os discursos do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Putin também aproveitou para elogiar os "esforços de paz" que estão a ser feitos pelo Presidente dos EUA.
Disse o chefe do Kremlin não ter dúvidas dos "esforços sérios" de Donald Trump para conduzir este conflito no leste europeu para o seu epílogo, notando que o norte-americano "está a ser sincero".
E avançou que lhe foi pedido no encontro de Agosto deste ano no Alasca com Trump para "fazer algumas concessões" que não estavam equacionadas e que acabou por aceitar discuti-las "sem nada rejeitar ou afastar quaisquer abordagens" embora sem estabelecer novas linhas negociais além das que já são conhecidas desde Julho de 2024.
Isto é importante porque a questão territorial surge actualmente como um dos pontos mais acesos nas negociações trilaterais entre EUA, Rússia e Ucrânia, com Kiev a negar qualquer cedência e Moscovo a manter as coisas sob a forma de "os objectivos são para alcançar na mesa das negociações ou através de meios militares".
"A bola está totalmente no campo dos aliados ocidentais de Kiev, do chefe do regime ucraniano e dos seus apoiantes europeus", avisou.
Outra questão que está a incendiar os ânimos de parte a parte é a questão do uso do dinheiro russo depositado no sistema financeiro europeu (ver aqui), tendo Putin aproveitado esta conversa abrangente para focar a atenção nesse pormenor.
"Usar os bens financeiros russos no sistema financeiro europeu como colateral para reparações a Kiev é um roubo e os roubos têm sempre consequências", apontou, acrescentando que os bens congelados de Moscovo no Euroclerar em Bruxelas são da Federação e não podem nem devem ser tocados.
O que, na verdade foi o que sucedeu esta semana, onde, quinta-feira, ficou claro que não haveria entendimento para usar esses dinheiros, com Putin a dizer agora que tal não sucedeu porque os líderes europeus "tiveram medo das consequências".
"Seja o que for que eles roubarem, mais cedo ou mais tarde terão de devolver, e, ainda mais importante, iremos até onde for preciso legalmente para proteger os nossos interesses", concluiu.
"Tropas russas avançam em todas as frentes e inimigo recua"
Entretanto, Vladimir Putin, sempre na mesma conversa com o país (e o mundo), assegurou que as tropas da Rússia avançam em todas as frentes na Ucrânia.
"As nossas tropas avançam em toda a linha de contacto (...), o inimigo recua em todas as direcções", declarou Putin, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP), citado também pela Lusa.
A conferência de imprensa anual, transmitida em directo, é combinada com um programa de perguntas e respostas de cidadãos de todo o país, oferecendo aos russos a oportunidade de questionarem Putin, que lidera a Rússia há 25 anos.
O Presidente russo fez ainda saber que o país conseguiu equilibrar o orçamento e tem um saldo ao nível de 2021, antes da guerra com a Ucrânia, que desencadeou sanções económicas ocidentais contra Moscovo.
Putin, segundo a Lusa, considerou tratar-se de um indicador fundamental da estabilidade da economia e do sistema financeiro do país, ao fazer o balanço de 2025 durante uma conferência de imprensa anual transmitida pela televisão.
Referiu que a estabilidade económica e financeira permitirá alcançar vários objectivos no âmbito de projectos nacionais e satisfazer as necessidades das forças armadas.
"Tudo isto, em conjunto, dá motivos para falar sobre a estabilidade da economia", afirmou, citado pela agência de notícias russa Ria Novosti.
Os aliados da Ucrânia têm imposto sanções contra os interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo para financiar o esforço da guerra que iniciou em fevereiro de 2022.










