Pelo contrário, no Kremlin, Dmitri Peskov, o porta-voz do Presidente Vladimir Putin, acaba de avisar que os recentes desenvolvimentos na capital alemã, onde norte-americanos, ucranianos e europeus desenharam uma "nova" proposta de paz, não é um bom sinal.
E isso, porque as condições plasmadas no plano que deve ser apresentado ao Kremlin desenhado em Berlim (ver links em baixo) estão muito longe das que faziam parte do plano de 28 pontos elaborado pelos EUA.
Neste "novo" plano, mesmo sem que os russos se tenham sequer pronunciado sobre o de 28 pontos, desaparecerem pelo menos oito alíneas e as restantes foram severamente "mexidas".
Percebendo que as alterações são claramente impossíveis de aceitar pela Rússia, até porque ferem com gravidade as condições anunciadas por Vladimir Putin em Julho de 2024 para a paz, em Washington a Casa Branca fez saber, através de fontes anónimas, citadas pela Bloomberg, que os EUA vão aplicar novas sanções a Moscovo se o Kremlin não aceitar este plano de paz montado em Berlim.
E o porta-voz do Kremlin, citado pela TASS, a agência de notícias oficial da Rússia, avisou que a ideia de novas sanções "prejudicam severamente" a possibilidade de melhorar as relações entre os EUA e a Rússia.
Entretanto, numa primeira reacção indirecta ao acordo de Berlim entre os aliados de Kiev, o Presidente russo avisou já esta quarta-feira, 17, que se os objectivos da Rússia não forem conseguidas pela via negocial "sê-lo-ão seguramente pela via militar".
Referindo-se às cinco regiões anexadas em 2014 (Crimeia), já totalmente na posse de Moscovo, e Lugansk (98% tomada), Donetsk (85 %), Kherson e Zaporizhia, ambas ainda em cerca de 25 por cento controladas por Kiev, Vladimir Putin asseverou que serão na integra geografia russa.
Referindo-se a esta geografia anexada à Ucrânia como "territórios históricos da Rússia", o chefe do Kremlin avisou os "ucranianos e os seus patrocinadores ocidentais" que a Rússia vai libertá-los seja de que forma for.
"Se o adversário e os seus patrocinadores ocidentais não quiserem falar sobre isso, a Rússia vai libertar os seus territórios históricos pela via militar", garantiu, citado pelos media russos e ocidentais.
Mesmo que o novo plano forjado em Berlim não cumpra nenhuma das condições russas para um acordo de paz, os Estados Unidos consideram, segundo fontes oficiais citadas pela Tassa a partir do britânico The Telegraph, "um acordo doce".
Este documento foi desenhado em Berlim onde estiveram delegações dos EUA, chefiada por Steve Witkoff, enviado especial de Trump, a Ucrânia, com o próprio Presidente Zelensky á frente, e a "armada" europeia chefiada pelo anfitrião chanceler Friedrich Merz.
E nele não é dada resposta a nenhuma das três condições essenciais dos russos: o reconhecimento internacional da soberania de Moscovo sobre as regiões anexadas na Ucrânia, a neutralidade de Kiev fora da NATO e a desmilitarização do país.
Para agradar a Kiev, que não admite a cedência de territórios, o que já por si afasta a Rússia de qualquer entendimento possível, europeus e norte-americanos prometem dar à Ucrânia garantias de segurança semelhantes às conferidas aos membros da NATO.
Isto é, aplicar a este acordo uma norma de resposta igual à contida do Artº 5º da NATO, onde os membros estão impelidos a responder com a força a qualquer ataque a um dos seus, e ainda o envio de uma força militar internacional para a Ucrânia.
Segundo o chanceler alemão Merz, esta força teria a funcionalidade de poder rechaçar qualquer presença militar russa em caso de retoma das hostilidades, avançando as fontes do Telegraph que Moscovo e Kiev "já aceitaram 90% do conteúdo deste plano", mesmo que não se conheça qualquer reacção oficial do Kremlin.
Essa posição russa poderá ser conhecida quando, como está previsto, o novo documento desenhado em Berlim for levado a Vladimir Putin pelo enviado de Trump, Steve Witkoff, o que se prevê que suceda nos próximos dias, sendo certo que só por milagre o Kremlin o aceitaria.
É que, sobreposto a todos os 20 pontos do novo plano está a aceitação de um cessar-fogo que respeitaria as actuais linhas no campo de batalha, obrigando isso a que os russos travem os avanços sobre as posições ucranianas e vice-versa.
O que o Kremlin tem repudiado repetidamente, até porque as suas forças no terreno têm actualmente uma superioridade substancial sobre os ucranianos estando a avançar no terreno a um ritmo que não se via desde o início da invasão russa em Fevereiro de 2022.
Além disso, o documento tem claramente a mão dos países europeus da NATO, especialmente Alemanha, Reino Unido e França, que se opõem solidamente a quaisquer cedências aos russos estando antes empenhados em levar os EUA para o seu campo onde a opção é a pressão pela força de forma a vergar Moscovo.
E o Kremlin já disse, pela voz do seu porta-voz, Dmitri Peskov, que não aceita a presença dos europeus nas negociações de paz porque "a participação destes países não ajuda ao seu sucesso" e nem sequer chegou qualquer informação oficial do encontro de Berlim.











