O palco para as desejadas explicações é a COP26, a denominada para simplificar Cimeira Mundial do Clima, que se realiza desde 1995 e que começa a falhar estrondosamente nos objectivos a que se propunha, apesar dos repetidos alertas vermelhos da ciência e das Nações Unidas através da voz do seu Secretário-Geral, António Guterres.

Em síntese, o que o mundo quer sabe é se o Acordo de Paris, assinado por todos em 2015, na COP que teve lugar na capital francesa e que foi, à época, um vigoroso relançamento do combate à emissão de gases com efeito de estufa através de uma acelerada descarbonização a que, cada vez mais países, dizem "sim" mas com resultados muito longe do esperado, como o tem repetido a jovem activista sueca, Greta Thunberg, que já disse, antes de partir para a Escócia, que "é muito baixa a esperança" de ver sair desta COP26 algo de decisivo e marcante para garantir que o objectivo de limitar o aquecimento global até 2100 nos 1,5 graus.

Mas Glasgow, como têm sublinhado alguns analistas, pode ter um efeito importante na luta global para salvar o planeta e impedir que a Humanidade seja "cozinhada" em lume brando, por enquanto, que é ser palco de mais um compromisso, desta feita, o de caminhar decisivamente para cumprir o compromisso assumido há seis anos em Paris, que é mostrar o "ridículo" que é andar, perante uma evidente emergência, a brincar aos compromissos. Ou, como disse recentemente Greta Thunberg, " apenas bla, bla, bla, bla...".

Para já, uma má notícia. O Presidente chinês, Xi Jinping, que lidera o maior emissor de poluentes do mundo, a par dos Estados Unidos, não vai a Glasgow.

O que fazer?

Mas o esperado insucesso de mais uma COP não resulta de não se saber o que é preciso fazer para evitar a catástrofe global, mesmo que seja já impossível de impedir os cada vez mais curtos ciclos de repetição de furacões devastadores, cheias nunca vistas, fogos intermináveis, secas prolongadas como nunca, a subida em vertigem do nível do mar, a derrocada das calotes polares...

O que é preciso, como o demonstram as dezenas de estudos feitos pelos mais credíveis cientistas em todo o mundo é garantir que até ao final do século o planeta não aquece mais de 2 graus, 1,5 se possível, tendo, para isso, que garantir a descarbonização completa da economia mundial até 2050, com metas bem definidas até 2030, altura em que já terão de ser evidentes os resultados dos passos dados até lá.

O que passa por substituir o consumo de hidrocarbonetos, petróleo e gás natural, e combustíveis fosseis de largo uso, como o carvão, por energias verdes, como a solar, eólica, hídrica, mas muito em especial na descoberta de novas tecnologias que possam garantir uma energia não poluente com a densidade energética semelhante à do petróleo, capaz de o substituir na aviação e ou, por exemplo, no transporte marítimo através dos cargueiros gigantes.

O hidrogénio é hoje uma das esperanças mais sólidas para que isso possa suceder, mas tal tecnologia ainda não consegue responder ao dilema maior de todos: conseguir um combustível com a força propulsora suficiente para manter um Boeing 777 no ar sem gerar emissões poluentes.