A crise humanitária na região tende a agravar-se pois as previsões meteorológicas apontam para uma quinta estação chuvosa mal sucedida, ou seja, pelo quinto ano consecutivo, o Corno de África vive uma situação de seca profunda.

As análises mais recentes, de Abril, indicam que na Somália, um dos países atingidos pela seca (juntamente com o Quénia e a Etiópia), pelo menos 80.000 pessoas sofrem de "fome extrema", o que corresponde ao pior cenário previsto pelo IPC, sigla em inglês para Classificação Integrada de Fases, uma escala internacional que mede a insegurança alimentar.

Ainda na Somália, uma em cada três cabeças de gado morreu desde meados de 2021, segundo a Unidade de Análise de Segurança Alimentar e Nutricional da Somália (FSNAU) - que depende da ONU - e a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado da Fome.

No Quénia, cerca de 1,5 milhões de animais morreram, e na Etiópia o número foi de 2,1 milhões, depois de a estação chuvosa - de Março a Maio - ter sido a mais seca desde que há registos.

As previsões não são animadoras, pois "nas áreas cultivadas, as colheitas voltarão a ser bem abaixo da média, o que causará uma dependência prolongada dos mercados, onde as famílias terão acesso limitado aos alimentos devido ao aumento dos preços", revelam as várias agências.

Nestes países também foi registado um aumento no número de crianças que sofrem de desnutrição grave no primeiro trimestre de 2022, em comparação com anos anteriores.

Os efeitos da seca foram agravados pelos conflitos na região e pela pandemia de covid-19. A juntar a este cenário já por si devastador, a guerra na Ucrânia provocou um aumento no preço dos alimentos, combustíveis e outros produtos. Isto para além de uma redução na ajuda internacional depois de muitos doadores terem cortado o seu financiamento para ajudar a Ucrânia.