A chegada de Pelosi a Taiwan é um dos momentos mais incandescentes no sudeste asiático em várias décadas depois de Pequim ter avisado que os EUA estavam a brincar com o fogo se esta visita viesse a acontecer de facto.
A aterragem da líder do Congresso não estava agendada e não fazia parte do roteiro oficial de uma visita à Ásia que passou por Singapura e Malásia e deverá seguir para a Coreia do Sul e Japão depois de Taiwan.
O avião de Nacy Pelosi, onde chegou a Taipé com seis congressistas, aterrou depois de ter sido escoltado por aviões da Força Aérea de Taiwan, ao contrário do que a imprensa chinesa oficial chegou a dizer que iria ser acompanhado por aviões enviados por Pequim, e as autoridades locais interditaram por longas horas o espaço aéreo para evitar eventuais incidentes.
Nesta deslocação, segundo a imprensa de Taipé, Pelosi tem um encontro marcado com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que representa de facto o sentimento de independência da ilha que a China considera rebelde desde 1949.
Este encontro com a Presidente Ing-wen pode ser visto como uma segunda camada de provocação taiwanesa-norte-americana a Pequim.
Antes da chegada, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, foi ainda mais explicito já nesta terça-feira ao considerar que Washington está "deliberadamente a procurar criar um incidente" no estreito de Taiwan, ao mesmo tempo que, e por causa disso, "almeja minar a soberania de Pequim" sobre a ilha, implodindo a política que os EUA ainda mantém como oficial de "uma só China".
"Estão claramente a brincar com o fogo", atirou ainda Yi sobre esta, segundo os media internacionais, iminente visita de Pelosi a Taipé.
Nas próximas horas são esperadas reacções de Pequim. Os pesados exercícios militares em curso na costa chinesa face a Taiwan permitem admitir todo o tipo de respostas.
Em reacção a este crescendo dos avisos de Pequim, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, avisou que a China "tem o dever de agir com responsabilidade" e que o que vier a suceder, se Nancy Pelosi, decidir deslocar-se a Taiwan, "será da inteira responsabilidade da China".
Blinken lembrou ainda que é aconselhável que Pequim não faça nada que possa elevar a tensão na região, até porque esta não é a primeira visita de um alto representante dos EUA à ilha, tendo mesmo, já este ano, sido visitada por congressistas norte-americanos.
E John Kirby, o porta-voz da Casa Branca, que é o mesmo que ser o Presidente Biden a dizê-lo, admitiu que este elevar de tom de voz de Pequim tem como pressuposto de médio/longo prazo uma acção de maior envergadura sobre Taiwan, eventualmente a sua tomada pela força.
Mas questionado, KIrby apenas admitiu que se estava a referir a eventuais actividades miliares arriscadas aquando da aproximação do avião de Pelosi a Taipé, entre estas, o disparo de misseis em locais próximos ou enviar jactos militares para "escoltar" o aparelho que transporta a comitiva da líder dos Representantes e a terceira figura do Estado, que é como quem diz, se, por alguma razão, o Presidente Biden e a vice-Presidente Kamala Harris, ficassem impossibilitados de governar, seria ela a conduzir os destinos dos EUA a partir da Casa Branca.
Esta chegada a Taipé de Pelosi tem um contexto. Este