As imagens divulgadas pelos media polacos sobre as consequências das explosões na cidade fronteiriça polaca não correspondem a qualquer ataque russo, "nem sequer corresponde a qualquer arma de origem russa", avançou o respons+avel pela Defesa no Governo russo.
Sergei Shoigu garantiu que os ataques realizados nesta terça-feira contra a Ucrânia não envolveram alvos ao longo da fronteira com a Polónia.
As Forças Armadas russas enviaram esta terça-feira uma chuva de mísseis e drones sobre a Ucrânia depois de o Presidente ucraniano ter imposto condições "irrealistas" para aceitar negociar com Moscovo, mas, naquilo que parece ser um erro de cálculo, dois dos projecteis atingiram território polaco, abrindo a porta para a possibilidade de uma entrada da NATO/Estados Unidos na guerra.
A tempestade de misseis russos que esta terça-feira, 15, atingiu a Ucrânia, apesar de ser dos mais violentos ataques russos ao país, com mais de centena e meia, segundo cálculos imediatos, de projecteis disparados de vários pontos, está claramente a ser enublada por uma explosão em território da Polónia, junto à fronteira com a Ucrânia, o que, se se tratar de um ataque planeado a um país da NATO, pode levar os polacos a activar o Artigo 5º dos tratados da NATO.
E se um dos membros do Tratado do Atlântico Norte, a NATO, organização criada em 1949 para fazer face ao poderio soviético e, agora, à Rússia, for atacado, pode accionar o famoso Artigo 5º, o que impõe que todos os membros se coloquem em força ao seu lado contra o agressor.
Embora essa possibilidade exista, o mais certo, segundo alguns analistas, como o coronel Mendes Dias, ouvido pela CNN Portugal, é que se trate de um disparo acidental, porque a área polaca atingida é muito próximo de território ucraniano, ou ainda um míssil russo, que pode ter sido atingido pelo sistema de defesa antiaéreo ucraniano e desviado a sua trajectória para território da Polónia.
O oficial sublinhou ainda que não é visível do ponto de vista da análise deste episódio, uma razão válida e explicável para que a Rússia tenha efectuado este disparo com a intenção de atacar um país NATO e despoletar aquilo que tanto o Presidente dos EUA, Joe Biden, como da Rússia, Vladimir Putin, já disseram que a acontecer seria a III Guerra Mundial e o início de um Armagedão nuclear.
Para já, o Governo de Varsóvia reuniu de emergência logo após a explosão, para analisar a questão.
Entretanto, no Pentágono, o departamento da Defesa dos EUA, um dos seus porta-vozes, disse aos jornalistas, perto das 20:30, hora de Luanda, que não havia quaisquer indício de que se tratou de um ataque intencional a um país NATO.
Com a morte de dois cidadãos polacos nesta explosão, na localidade de Przewodow, a escassos quilómetros da fronteira com a Ucrânia, premeditada ou acidental, ainda está para averiguar, o primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawieck, um dos mais acérrimos defensores de um envolvimento da NATO ao lado da Ucrânia contra a Rússia, não só mandou renir o seu Executivo de urgência como mandou colocar a sua Força Aérea em prontidão.
Mas, para já, a cautela parece ser a posição mais sólida, até porque, depois dos EUA terem colocado como possibilidades um acidente, também um porta-voz de Varsóvia apelou a que os media não publiquem notícias por confirmar de forma a não exacerbar os ânimos ainda mais.
Moscovo ainda não comentou este episódio que pode mudar a face desta guerra para sempre e abrir os portões do Inferno sobre a Terra.
No severo e extenso ataque russo sobre a Ucrânia, as cidades mais impactadas são, segundo os media internacionais, a capital do país, Kiev, Lviv e Kharkiv, as outras duas maiores cidades ucranianas.
Uma abordagem a este tema por parte do Kremlin é fundamental para se perceber o que se passou, porque a norma é que se o emissor, alegadamente, do projéctil negar a intencionalidade, isso será recebido com alívio por todas as partes.
Há, no entanto, que ter em consideração que a Polónia é, de longe, o país mais assertivo na defesa de uma intervenção da NATO neste conflito, nomeadamente ao ter proposto que a Força Aérea dos países da organização se comprometessem com uma exclusão do espaço aéreo ucraniano, o que levaria inevitavelmente a um confronto directo com a aviação russa e daria início à III Guerra Mundial.
Foi ainda a Polónia que mais vezes defendeu, ao longo dos nove meses de guerra, o envio de tropa para o campo de batalha em defesa da Ucrânia, havendo mesmo notícias de que a Polónia é o país que mais seus nacionais voluntários, mercenários (do ponto de vista russo) tem a combater ao lado das forças ucranianas.