Depois de ser aplaudido por todo o plenário do Parlamento Europeu, Volodymyr Zelensky disse que a Ucrânia partilha "o modo de vida europeu" com os restantes 27 Estados-membros.
"Esta é a nossa Europa, estas são as nossas regras, este é o nosso modo de vida [...], e é o caminho para casa. Estou aqui hoje para defender o caminho para casa da nossa população, de todos os ucranianos, de todas as idades, de todas as orientações políticas, de todos os estratos sociais, de todas as convicções religiosas, todos partilhamos esta história europeia comum", sustentou.
Zelensky acusou Moscovo de querer "aniquilá-la com uma guerra total", acabar "com o modo de vida de 27 países", mas afirmou que a Ucrânia "não vai permiti-lo".
"Esta guerra total não é por um território nesta ou naquela parte da Europa", advertiu, acrescentando que na Rússia "há um ditador, com imensos recursos e reservas de armamento soviético e de outros regimes ditatoriais, em específico o Irão".
Zelensky apontou o dedo a Moscovo, que, "cinicamente, ano após anos, quer destruir valores, como o da vida humana, que foi destruído pelas autoridades" da Federação Russa: "Ninguém é valioso para eles, a não ser quem está no Kremlin. 140 milhões de pessoas para eles são apenas corpos capazes de carregar armas [...], para que todos continuem obedientes", acusou.
"É a supremacia da obediência", acrescentou, de um Governo que "investe na xenofobia e quer normalizá-la".
E a "resposta para isso é um "não"", prosseguiu o Presidente da Ucrânia, que deixou também um recado a todos os que o escutavam: "As pré-condições para os nossos sonhos são a paz e a segurança."
"Se vencer, essa força antieuropeia vai acabar com isso tudo. Só a nossa vitória vai impedir isso tudo e tem de ser obrigatória", completou.
Durante o discurso, Volodymyr Zelensky enunciou vários profissionais, desde jornalistas, agricultores, médicos, militares, forças de segurança, socorristas, entre outros, e agradeceu-lhes pelo auxílio que prestaram à população da Ucrânia que desde 24 de fevereiro encontrou refúgio da guerra noutros países.
"A Europa nunca dependeu de políticos e isso não pode ser a ilusão agora. Todos nós interessamos, todos somos fortes, todos somos capazes de influenciar o nosso resultado comum, a nossa vitória comum", defendeu.
Metsola pede adesão à UE "o mais rápido possível"
A presidente do Parlamento Europeu defendeu que o sacrifício da Ucrânia tem de ser recompensado com um processo de adesão "o mais rápido possível" e com todo o armamento pedido pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Este é um momento extraordinário em circunstâncias extraordinárias", disse Roberta Metsola no arranque de uma sessão extraordinária do Parlamento Europeu, em Bruxelas, no âmbito da visita do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Zelensky foi aplaudido por todos os eurodeputados quando entrou no plenário, pelas 11:00 locais (10:00 em Lisboa).
A luta dos "heróis da Ucrânia" contra a agressão do Kremlin, comparável para Metsola "a David contra Golias", inspirou todos, considerou, acrescentando: "Estou orgulhosa por dizer que esta casa da democracia europeia está sempre consigo."
E reforçou a intenção que Zelensky quer ver concretizada: "A Ucrânia é a Europa e o vosso futuro é na União."
"O sacrifício que aguentaram", prosseguiu a presidente do Parlamento Europeu, tem de "ser honrado não só com palavras, mas com acções", por isso, Metsola exortou "o processo mais rápido possível" de adesão à União Europeia.
Em simultâneo, Metsola considerou que é necessário facultar a Kiev "os mísseis de longo alcance e os caças" que tem pedido nas últimas semanas.