Donald Trump optou por falhar debate entre candidatos republicanos às eleições primárias para decidir quem vai disputar a Presidência com Joe Biden em Novembro de 2024 mas foi ao canal do lado largar uma "bomba" com efeito retardador cujo resultado dificilmente pode ser analisado com rigor em tão pouco tempo.
Pode surgir uma guerra civil nos EUA, disse o antigo Presidente dos Estados Unidos e candidato a voltar à Casa Branca no próximo ano, numa entrevista ao conhecido locutor próximo dos mais conservadores entre os conservadores norte-americanos da extrema direita, Tucker Carlson, no seu canal na rede X, antigo Twitter.
Segundo a agência Lusa, Trump disse nesta entrevista existir nos EUA "um nível de paixão" que nunca viu igual e "um nível de ódio" que nunca deu conta existir.
"E essa é uma má combinação", considerou, dizendo não saber se isso levará a violência nas ruas.
Donald Trump, lembra ainda a Lusa, falava numa entrevista pré-gravada com Tucker Carlson, conhecido apresentador de extrema-direita que foi despedido pela Fox News em abril, transmitida na rede social X (antes conhecida como Twitter) em competição com o debate republicano, ao qual Trump faltou.
"O 6 de janeiro foi um dia muito interessante", indicou o ex-presidente, referindo-se à invasão violenta do Capitólio que resultou na morte de quatro pessoas. "Foi a maior multidão para quem falei", continuou, lembrando que muita gente que participou disse que foi "o dia mais bonito" que alguma vez tiveram.
"Nunca vi tanto amor", frisou Trump, sobre a tentativa de insurreição que resultou em centenas de condenações judiciais e está na raiz de uma das acusações que pesam agora sobre o ex-presidente.
Dedo apontado à justiça
Esse foi um dos temas quentes discutidos por Carlson e Trump, que criticou o Departamento de Justiça e os procuradores à frente das acusações.
"É uma horrível procuradora-geral essencialmente de Atlanta, condado de Fulton", caracterizou Trump, referindo-se a Fani Willis e classificando a acusação na Geórgia como um ataque ao seu direito a criticar os resultados da eleição de 2020.
"Eles não têm casos de jeito contra mim. Até os democratas o dizem", alegou Trump, depois de ter chamado as acusações de "tretas".
É por isso, considerou, que a sua posição nas sondagens tem melhorado desde que os processos começaram. "Estou tão acima nas sondagens porque as pessoas percebem que é uma fraude", afirmou.
O candidato à nomeação republicana disse que o Departamento de Justiça está a ser usado como arma contra si e acusou o actual presidente, Joe Biden, de corrupção e incompetência.
"O desonesto Biden é tão mau, é o pior presidente da História, é tão corrupto", afirmou Trump, sem dar pormenores da alegada corrupção, mas chamando-lhe "o verdadeiro candidato da Manchúria" e considerando que está comprometido pela China.
Trump também criticou o estado físico e mental de Biden, dizendo que "não consegue levantar uma cadeira na praia" e mal consegue "dizer duas frases seguidas".
E não esqueceu as eleições de 2020
Na entrevista transmitida cinco minutos antes do início do debate republicano em Milwaukee, que opôs oito candidatos à nomeação presidencial pelo partido, Trump voltou a dizer que ganhou a eleição em 2020 e que a vitória lhe foi roubada pelos democratas.
Tucker Carlson questionou Trump, mais que uma vez, se tinha medo que o tentassem assassinar.
"Eles são animais selvagens, pessoas doentes", classificou Trump, dizendo logo de seguida que a maioria das pessoas neste país é fantástica, mas que estas odeiam a nação.
Se conseguir voltar à Casa Branca, o ex-presidente prometeu tomar o controlo das fronteiras e expulsar "centenas de milhares de criminosos" que diz terem invadido os Estados Unidos, juntamente com doentes mentais e terroristas vindos de outros países.
Também criticou vários dos seus antigos aliados, incluindo o seu vice-presidente, Mike Pence, agora candidato à nomeação, o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, agora também candidato, e o seu ex-procurador geral, Bill Barr.
A conversa passou ainda pela "crise" da televisão por cabo, da MSNBC e CNN à Fox News, as críticas aos carros eléctricos e à poupança de água nas zonas de seca na Califórnia e a transferência do Canal do Panamá para o controlo do Panamá, assinada em 1977 pelo então Presidente Jimmy Carter, algo que Trump considerou "estúpido".
O candidato lidera com grande distância as sondagens para as primárias republicanas, que arrancam em janeiro e vão determinar quem se irá bater pela presidência em novembro de 2024. A plataforma FiveThirtyEight dá a Trump 52,1% das intenções de voto, seguido de Ron DeSantis com 15,2%.