Este debate emerge de um caldo de violência rara entre as máquinas de campanha das duas candidaturas, onde a alegada perda de faculdades cognitivas de Joe Biden é usada à exaustão por Donald Trump, com Joe a contra-atacar acusando Donald de ser um "criminoso à solta".
Mas, por vezes, o tiro sai pela culatra, como aconteceu com Trump, que, numa iniciativa de campanha para as eleições de 05 de Novembro, ao exigir que Biden seja testado para o uso de drogas para aumentar a performance cognitiva, acabou se enganar no nome do seu médico.
O mesmo médico, Ronny Jackson, que esteve com ele na Casa Branca entre 2016 e 2020, e já tinha estado com Barack Obama antes, e saiu a público para o ajudar, defendendo esses mesmos testes a Joe Biden, e a quem Trump tratou por "Ronny Johnson".
Este engano foi logo aproveitado pela campanha de Biden, que procurou liquefazer os ataques do adversário com base na sua alegada demência, aludindo ao clamoroso esquecimento de Trump sobre o nome do seu próprio médico, que o estava a tentar ajudar...
Seja qual for o resultado desta luta para enfraquecer o adversário, nem um nem outro vão conseguir esconder o único facto demonstrável em toda esta "guerra" eleitoral: Donald Trump tem 78 anos e Joe Biden 81, sendo a parelha de candidatos mais idosa de sempre a disputar a Presidência dos Estados Unidos da América.
Todavia, a procura de reduzir o "outro" pela via da idade não é novidade, já há quatro anos Trump chamou repetidamente ao opositor "Joe dorminhoco", embora desta eita tenha elevado o nível dos ataques com a divulgação de vários vídeos com situações incómodas onde Biden parece não saber onde está...
Ao que a Casa Branca, pela sua assessoria de imprensa, rapidamente respondeu acusando os republicanos de terem forjado esses vídeos, apelidando-os de "fake videos", mas que, na verdade, como agora se percebe, eram a preparação para o golpe pré-debate.
Primeiro foi Trump a exigir que Biden seja testado a drogas com efeito no fortalecimento das capacidades mentais antes do debate; seguindo-se o seu anterior médico, ao serviço da Casa Branca, Ronny Jackson, que veio defender que esse teste é legítimo face aos problemas visíveis em Biden.
E, ainda por cima, Jackson foi igualmente médico na Casa Branca quando Joe Biden era o vice-Presidente de Barack Obama, o que dá substância ao seu pedido de verificação da perda de faculdades intelectuais de Biden, alguém a quem acompanha, embora indirectamente, desde 2008, início da Administração Obama.
"É um embaraço, enquanto antigo médico da Casa Branca, ter de fazer isto, mas não tenho outra alternativa, baseando-me no que se está a passar", disse Ronny Jackson, numa entrevista na Fox News, a cadeia de TV norte-americana pró-republicana, pedindo que Biden seja testado antes e depois do debate a drogas de robustecimento intelectual.
Porém, dificilmente um e outro saem bem na fotografia, porque, como pode revistar nesta notícia do Novo Jornal, em Abril, uma sondagem feita pelo jornal The New York Times, indicava que os eleitores norte-americanos estavam insatisfeitos com a provecta idade de ambos os contendores.