Depois de uma semana de sucessivas saídas às ruas das grandes cidades quenianas de largos milhares de pessoas, na sua esmagadora maioria jovens, a exigir a anulação desta lei, que levaria a um aumento brusco do custo de vida, William Ruto deu-se por vencido.

A lei, que foi aprovada esta semana, no Parlamento, e teria de ser assinada pelo Presidente para entrar em vigor, levou milhares a invadir a Assembleia Nacional em Nairobi, onde foi incendiada uma das suas alas.

Para controlar os manifestantes, que exigiam a anulação da denominada "FInance Bill" que determinaria aumentos imponentes em bens como a propriedade automóvel ou aparelhos electrónicos, ou o óleo alimentar e o pão, o Governo lançou unidades militares para as ruas da capital.

E o resultado foi trágico. Pelo menos 25 pessoas foram mortas na quarta-feira, e centenas acabaram nos hospitais de Nairobi, embora nem assim os manifestantes tenham recuado na persecução dos seus objectivos, que era apenas ver anulada esta lei.

Depois de ter, na semana passada, aceitado rever a questão do pão, do óleo alimentar e de mais alguns dos produtos agora em vias de serem taxados, sem que isso tenha amolecido a impetuosidade dos jovens nas ruas, William Ruto viu-se agora encostado à parede e recuou totalmente.

A "Finance Bill" foi apagada, mesmo depois de Ruto ter vindo a público dizer que tal não sucederia porque isso era dar uma vitória imerecida aos "criminosos que tomaram as rédeas dos protestos, manipulando os jovens quenianos".

Nestes protestos, além dos governantes (ver links em baixo nesta página), os manifestantes viraram-se com veemência inaudita contra o Fundo Monetário Internacional (FMI), a quem acusam de estar por detrás da austeridade proposta pelo Governo de William Ruto para pagar as suas dívidas.

Na argumentação prévia para estas medidas draconianas, Ruto veio a terreiro dizer que elas era fundamentais para que o Quénia pudesse cumprir as suas obrigações e enveredar por um caminho em que o endividamento constante não fosse uma necessidade para manter o Estado a funcionar.

O recuo foi, todavia, agora justificado por Ruto com a necessidade de ouvir o povo e a sua clara insatisfação com a proposta, anunciando que de ora avante o seu Executivo vai ouvir mais as pessoas antes de tomar medidas como esta.

"É necessário que sejamos capazes de conversar enquanto Nação de forma a encontrar, juntos, a melhor forma de solucionar os nossos problemas", disse Ruto no momento em que anunciava que não iria assinar o documento aprovado no Parlamento.