Depois de se confessar culpado pelos crimes contra a humanidade realizados em Timbuctu, cidade conhecida pela forma como a população, ao longo de muitas centenas de anos, foi denodadamente conservando manuscritos fundamentais para se aceder ao antigo saber e à ciência islâmicos, al-Mahdi ouviu o juiz Raul Pangalangan ler a condenação, sublinhando que se trata de um crime muito grave.

O "crime muito grave" de o TPI fala é, nada mais nada menos que a destruição de património insubstituível, cuja importância para a humanidade é incomensurável e permite, entre muitas outras coisas, perceber quão à frente do seu tempo estava a ciência e a cultura islâmicas em matérias como a medicina ou a astronomia, e muito longe da selvajaria que hoje reina em muito do mundo islâmico.

Este indivíduo foi apontado pelo TPI como um dos autores da destruição levada a cabo em Timbuctu e o porta-voz utilizado pelos radicais para explicar o porquê dos actos descritos, à época, como de inigualável selvajaria praticados por um dos ramos da Al-Qaeda no norte de África, denominado Ansar Dine, cuja tradução literal é defensores da fé..

Como tentativa de amolecer a dureza da condenação, al-Mahadi ainda disse aos juízes que estava muito arrependido e cheio de remorsos, pedindo a todos os muçulmanos do mundo para não repetirem os seus crimes.

Timbuctu, fundade no ano de 1100, integra a lista da UNESCO como património da humanidade desde 1988 e ficou conhecida, para além das escolas e das suas mesquitas, de onde se dispersou muita da fé corânica e o saber do Islão antigo, pela forma como as famílias da cidade foram guardando, geração após geração, milhares de manuscritos, muitos ainda por estudar, descrevendo uma cultura excepcional em múltiplos ramos.

Os mausoléus destruídos em 2012 já foram reconstruídos pela UNESCO.