Esta pandemia, a 11ª que surgiu neste país, vizinho de Angola, com quem partilha mais de 2.500 kms de fronteira, foi detectada há seis meses na província do Equador, na margem esquerda do Rio Congo, nas proximidades da fronteira com a República do Congo (Brazzaville), com epicentro na cidade de Mbandaka, onde habita cerca de 1 milhão de pessoas.
Desde 1976, ano em que este vírus foi encontrado pela primeira vez em humanos, precisamente nesta província congolesa, do Equador, alegadamente através da ingestão de carne de macaco, o tradicional hospedeiro do vírus do Ébola, a RDC já sofre 11 epidemias, sendo que a anterior ainda esteve activa durante cerca de um mês depois desta ter sido declarada.
A 10º epidemia teve lugar no leste da RDC, com epicentro das províncias do Kivu Norte e Ituri, foi declarada em Agosto de 2018 e deixou pelo caminho mais de 2.000 mortos.
Já a mais grave de sempre ocorreu em 2013/14 na África Ocidental, com epicentro na Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria, com mais de 11 mil mortos e consequências económicas e sociais que até hoje não foram totalmente diluídas.
Foi ainda nesta epidemia, depois de vários casos terem sido reportados na Europa e nos EUA, que a primeira vacina, experimental, foi usada com sucesso, cabendo a este fármaco da farmacêutica Merck, uma boa parte da responsabilidade pelo controlo e extinção desta pandemia, o que voltou a acontecer no leste da RDC.
Agora, e já hoje, as autoridades sanitárias congolesas, através do seu ministro da Saúde, Eteni Longondo, vieram declarar extinta a epidemia na província do Equador.
Esta declaração, de acordo com as normas standard internacionais só pode suceder ao fim de 42 dias sem o registo de qualquer caso novo de infecção na área abrangida, tendo o saldo final sido anunciado como de 55 mortos em 119 casos confirmados desde 01 de Junho deste ano.
Os 42 dias sem casos são uma exigência que resulta do facto de se tratar de um período temporal que é o dobro daquilo que é conhecido como o tempo de incubação deste perigoso e muito leal vírus, que é de cerca de 21 dias máximo.
A febre hemorrágica gerada pelo vírus do Ébola é a mais letal conhecida até agora e a sua evolução provoca um sofrimento atroz, acabando os pacientes por morrer devido a múltiplas hemorragias internas.
A sua propagação surge através do contacto entre pessoas e com contacto com fluídos corporais de indivíduos infectados.
Esta epidemia, devido ao local onde surgiu, apresentou um perigo importante para Angola, visto que o Rio Congo, em cujas margem está localizada a cidade de Mbandaka, epicentro da infecção, desagua também em território angolano, a norte do país, e esta via fluvial é a mais importante via de comunicação do imenso Congo, cuja malha rodoviária é pobre e geralmente deteriorada, aproveitando as populações os cursos de água para se deslocarem.