Apesar de a RDC estar actualmente a enfrentar mais um surto agressivo de Ébola, o mais letal dos vírus que provocam febres hemorrágicas, na província do Equador, estes relatos de abusos sexuais por parte de membros de organizações internacionais referem-se ao período de 2018 e 2019, durante a pandemia da mesma doença que matou milhares de pessoas no leste do país, no Kivu Norte e Ituri, junto às fronteiras com Uganda e Ruanda.
Esta revelação partiu de uma investigação da New Humanitarian, um site de notícias ligado à situações de emergência, próximo da ONU, e a agência Reuters, através da Fundação Thomson Reuters, tendo sido entrevistadas 51 mulheres que detalharem centenas de situações de abuso sexual por parte, essencialmente, de elementos masculinos das equipas internacionais que no terreno combaterem a epidemia.
Na maior parte dos casos, segundo as testemunhas, os abusos consistiam em trocar favores sexuais por empregos temporários ou quando os contratos estavam a terminar e apenas o sexo garantia a sua continuidade.
Estas situações são especialmente perversas em regiões do mundo onde reina a pobreza extrema e onde um trabalho, por mal pago que seja, assume especial importância para milhares de famílias, muitas vezes sustentadas por estas raparigas que são violentadas sexualmente.
A maior parte dos casos foram relatados como tendo ocorrido na cidade de Beni, na província do Kivu Norte, onde as equipas internacionais tinham a maior das suas instalações provisórias aquando da luta contra o Ébola, que entre 2018 e 2010, fez mais de 2 mil mortos e milhares de casos confirmados de infecção.
Face a esta investigação, o Secretário-Geral das Nações Unidas já pediu que fosse conduzido um inquérito exaustivo para apurar toda a verdade.
António Guterres disse que queria uma "investigação profunda e eficaz" a estes relatos.