Há pelo menos três vídeos a correr nas redes sociais onde surgem imagens de alegados militares das FARDC a disparar contra milicianos que integram as forças do antigo líder tradicional abatido em confrontos com a polícia em Agosto de 2016, na região de Kananga, Kasai, durante uma sublevação organizada por si.
Nsapu contestava, e os seus seguidores também, a autoridade do Estado na província do Kasai, tendo, no último ano, destruído dezenas de equipamentos públicos, incluindo esquadras da polícia.
O ataque ao aeroporto de Kananga, capital provincial, foi das operações de maior envergadura deste grupo, embora tenha sido rechaçado horas depois pelas forças de segurança da RDC, provocando dezenas de mortos entre os milicianos.
Um destes vídeos mostra de forma clara militares a disparar contra civis desarmados, empunhando apenas paus, com execuções sucessivas dos que já estavam no chão sem capacidade de fugirem, provavelmente milicianos de Nsapu, tendo levado a comunidade internacional, incluindo a ONU, a exigir um inquérito rigoroso, primeiro ao Governo de Kinshasa, e depois, outro a realizar pela missão das Nações Unidas na RDC (MONUSCO), por falta de confiança nas autoridades nacionais.
Segundo a imprensa congolesa, um dos vídeos mostra, em Janeiro deste ano, um militar a explicar que foram disparados lança-roquetes contra milicianos de Kamwiina Nsapu em diversas localidades da província do Kasai.
Terão sido descobertas cerca de um dezena de valas comuns, com um número ainda por determinar de cadáveres.
Foi ainda nesta província, e alegadamente quando investigavam questões de violência envolvendo estes milicianos, que desapareceram dois especialistas da ONU, um sueco e outro norte-americano, há cerca de duas semanas.
O resultado dos inquéritos considerados credíveis pela ONU ainda não são conhecidos.
Crise eleitoral acalmou em Kinshasa
Entretanto, a crise eleitoral que nos últimos meses provocou confrontos dos quais resultaram centenas de mortos na RDC está agora mais calma, observando-se no país um período de negociações envolvendo a Maioria Presidencial de Joseph Kabila e a oposição.
Em causa está o cumprimento do acordo de 31 de Dezembro de 2016, que prevê a nomeação de um primeiro-ministro indicado pela oposição para liderar o Governo até à realização das eleições gerais que deverão ter lugar até finais deste ano.
O processo está a ser acompanhado pela conferência episcopal congolesa.
Apesar da acalmia, permanecem os receios de novo agravamento tendo em conta que os prazos inseridos no acordo para as diversas fases da transição política motivada pelo fim do mandato de Kabila, não podendo este ser eleito numa terceira candidatura, estarem a ser ultrapassados, depois de o mandato do ainda Presidente já ter igualmente sido excedido em quase quatro meses.