Dmitry Peskov garante que o que Vladimir Putin disse na entrevista ao canal público de tv russo, o Rossya-1 não constitui uma ameaça fútil ao ocidente de uma guerra nuclear mas sim a descrição da doutrina russa para uso do seu arsenal nuclear.
O responsável pela comunicação da Presidência russa, depois de ouvir as reacções em Washington e na Europa ocidental, claramente a carregar na ideia de que Putin tinha feito uma ameaça directa de guerra nuclear, adiantou que o que Putin disse está nos documentos oficiais do Kremlin sobre esta matéria e que são conhecidos dos países da NATO.
Peskov insistiu, tal como Putin referiu na entrevista, como como ser revisitado nesta notícia do Novo Jornal, que a Rússia tem definido como doutrina que só usará as suas armas nucleares em caso de ameaça existencial e sob risco da sua soberania.
Acusou ainda o ocidente e os responsáveis que reagiram em nome dos EUA e dos europeus de conscientemente terem desvirtuado as palavras do Presidente russo, porque não houve qualquer ameaça nas palavras de Vladimir Putin.
E acusou ainda os media ocidentais de, "deliberadamente terem ignorado as palavras do Presidente quando este afirma que nunca lhe passou pela cabeça usar o nuclear táctico na Ucrânia".
Isto foi dito por Peskov depois de Karine Jean-Pierre, a assessora do Presidente norte-americano Joe Biden, ter acusado Putin de estar a usar uma "retórica irresponsável" sobre o uso do arsenal nuclear no contexto da guerra na Ucrânia.
Karine Jean-Pierre também disse, porém, que para os EUA tinha sido claro que Putin se referia à doutrina russa para o nuclear.
Esta entrevista de Putin foi feita num contexto de aproximação das eleições na Rússia, onde este Domingo Putin verá confirmado o seu novo mandato, até 2030, que vai eincluir as votações na regiões anexadas da Ucrânia em 2014, a Crimeia, e 2022, Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhia.
E esse elemento está a gerar fortes críticas na União Europeia por não reconhecerem estes territórios como parte da Federação Russa mas sim da Ucrânia como é internacionalmente reconhecido desde a independência da ex-URSS, em 1991.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitri Kuleba, veio acusar a Rússia de estra a desenvolver eleições ilegais em terras ucranianas actualmente ocupadas, pedindo à comunidade internacional para não reconhecer os resultados.
Também 23 parlamentos de todo o mundo, incluindo EUA, Israel e quase toda a Europa ocidental emitiram um documento onde condenam as eleições russas nos territórios ucranianos sob ocupação.
Para Moscovo, estas acusações são inócuas e infundadas porque as cinco províncias anexadas, russófonas e russófilas, resultam de referendos públicos onde as respectivas populações votaram esmagadoramente pela integração na Federação Russa.