Mises foi um grande entusiasta do modelo económico de livre mercado e, ao lado de Adam Smith, foi um dos principais defensores do modelo de organização descentralizada da economia, ou seja, de trocas justas e voluntárias.
Além das suas contribuições teóricas para a defesa da liberdade económica e da impossibilidade de funcionamento do dirigismo económico - o «socialismo», acreditava que a economia era um sistema complexo que necessitava de ideias e conhecimentos específicos para funcionar de forma adequada. Segundo ele, "as ideias eram a principal razão por trás de toda e qualquer mudança social e económica e a economia era impulsionada por ideias e valores, não somente por factores materiais, como recursos naturais, capital e trabalho".
Em meados do século XX, Joseph Schumpeter, considerado um dos maiores economistas da escola de Viena e contemporâneo de Von Mises, agregou a este bunker de fundamentos teóricos, insights monumentais, a lógica de que o progresso económico era impulsionado por um processo de destruição criativa, onde a criação de novas ideias e a inovação disruptiva geravam um impacto positivo na economia.
Assim, para Schumpeter, o poder das ideias era essencial para a geração de crescimento económico e para o desenvolvimento de uma economia dinâmica e inovadora. Argumentava que as ideias eram capazes de transformar a economia e criar novas oportunidades de negócios, além de mudar a forma como as pessoas pensavam sobre a produção e o consumo.
[...] A"Belle Époque" (expressão francesa que significa bela época) é um bom exemplo sobre o poder das ideias no avanço económico e social dos países. Pois, este período, que se deu com o final da Guerra Franco-Prussiana, em 1871, foi marcado por grande produção científica e ao mesmo tempo por inúmeros processos de inovação, tais como a invenção do telefone, do carro, do avião e das locomotivas a vapor.
Assim, muitos factos históricos têm-nos comprovado ao longo dos tempos que a construção de uma "sociedade de ideias" é primordial não apenas para a criação de riqueza, mas também para a construção dos Estados democráticos e de direito.
Por fim, vale destacar que apesar dos esforços e das óptimas intenções manifestas no sentido de promover-se no País a criação de um sistema educativo com mais qualidade, os níveis continuam muito aquém da realidade esperada, sobretudo se considerarmos alguns indicadores relevantes, tais como o Índice de Capital Humano, a produtividade económica e o Índice Global de Inovação (IGI), que apresentam dos piores desempenhos do mundo.
Se considerarmos as externalidades positivas que os investimentos em educação e pesquisa científica agregam para a economia na totalidade, é para "ontem" a mobilização de recursos financeiros ao nível dos padrões internacionalmente definidos, de modo a que se possa promover no País um sistema de educação com mais qualidade, que no médio e longo prazo seja capaz de à velocidade da luz gerar um Big Bang de processos de inovação, aumentos da produtividade, crescimento económico sustentável e, quiçá, os próximos "Isaac Newton"s" e "Albert Einstein"s".
"Apenas as ideias podem iluminar a escuridão", prescreveu Ludwig von Mises. Apenas as ideias podem promover a inovação e o crescimento sustentável da economia.n