Ao contrário do passado, onde o sucessor foi indicado, e onde o tiro parece ter saído pela culatra, espera-se que, para a selecção do próximo líder do ainda maioritário, haja uma verdadeira democracia interna. É um daqueles momentos cuja história passada não apresenta referências, pelo que quem vier com coragem terá de mostrar a quem vem, com quem vem e com que objectivo. Terá de ser alguém com peito alto, sem medo do fogo amigo, que consiga apresentar um projecto mais ambicioso e galvanizar os militantes e simpatizantes.
Nesta corrida interna, os motores vão-se aquecendo e não se sabe se quem ganha é um carro rápido e lustroso ou um mais lento, tipo 4x4, mas com muita resistência e capacidade de puxar outros. As capacidades individuais serão postas à prova e os corredores serão importantes para ganhar tracção. Vai ser interessante ouvir os prognósticos dos politólogos da nossa praça, mas também os analistas curiosos que tentam ler na sua bola de cristal o desenrolar desta interessante corrida, uns acertando, outros nem por isso.
Será interessante perceber se será um pódio como das olimpíadas, composto de ouro, prata e bronze e mais uns tantos recordistas nacionais, ou se será apenas uma corrida a solo, onde o putativo candidato salta todas as barreiras sozinho e é o único na maratona. Ainda parece faltar muito tempo, mas, como o caminho se faz caminhando, os interessados que mostrem o caminho para saber se há fumo branco, simbolizando que o sucessor está escolhido.
Se o que aparecer for fumo preto, significa que não existe um único escolhido e que a corrida é para valer. Vamos esperar que, qualquer que seja o fumo, este não seja oriundo de instituições previamente certificadas e sem legitimidade, mas que seja um fumo orgânico, resultado da coragem e do querer uma Angola melhor. E assim é a democracia.