Existem, feliz ou infelizmente vários exemplos de como o silêncio pode ser prejudicial e, poucas vezes, se poderá dizer que é de ouro.
A reflexão sobre o mutismo das instituições nesta edição expõe um problema recorrente na nossa sociedade. São poucas as instituições, sobretudo públicas que se dão realmente ao trabalho de informar ou comunicar. Muitos problemas poderiam ser evitados, de facto, se ao invés de criar entraves e barreiras, burocratizando o acesso a dados ou aos responsáveis, se demonstrasse uma atitude mais dialogante e integradora. Sem isso, temos e em demasia, o diz que disse, a especulação, os rumores ou as famosas conversas de corredor que, volta e meia, enchem os jornais, independentemente de ser verdade ou não.
A desinformação pode até servir alguns propósitos, mas não se pode viver por muito tempo de forma sã num sistema que alimenta concepções e interpretações erradas que por vezes aquecem os ânimos de forma destemperada e culminam com atitudes extremadas de violência e, por regra, incompreendidas.
O meio empresarial privado, infelizmente não é assim tão diferente. Existe já a consciência de que o silêncio despoleta acções ruidosas que chegam a ser ruinosas. Por isso mesmo, muitas empresas mudaram a sua atitude perante os media e hoje falam abertamente de tudo ou quase tudo. Encontraram uma forma estratégica de dialogar que os favoreça e tentam, desta forma, conduzir a informação de maneira que vá ao encontro dos seus interesses. A aparente abertura que demonstram é, muitas vezes, estratégica e procura, essencialmente, construir uma boa imagem e notoriedade que se pretende projectar nas mais diferentes esferas.
O silêncio, seja total ou parcial, compromete a actividade jornalística. Há sempre mil e uma razões para não falar e existe, de facto, um receio logo à partida dos jornalistas, não vão eles distorcer tudo o que se diz e mudar o sentido e a forma de tudo… Há quem pense assim e fuja não atendendo o telefone ou então atende e remete para um: Mais tarde ligo ou depois entrarei em contacto. Que, em regra, acaba por não se concretizar.
Não dizer nada ou remeter para depois, é sem dúvida mais fácil e menos trabalhoso do que responder, mas felizmente são ainda tímidos, mas cada vez mais os que dão respostas às solicitações dos média. Por vezes, as reacções não são tão imediatas quanto o desejável, contudo é preciso que estas mesmas instituições entendam de forma clara o papel que cada um desempenha na sociedade. Compreendam que os média procuram ser uma espécie de fiscais que mais não fazem do que demonstrar que as instituições existem e funcionam efectivamente. Por isso não há nada a temer, desde que o esforço para garantir o bom funcionamento e desempenho das instituições públicas ou privadas seja real e visível.