Se não era possível seguir em linha recta, aproveitam-se as curvas da Leba e, lentamente, quebrava-se o "recolher obrigatório" com um documento adequado, com o nome certo de uma entidade ou familiar ou, ainda, a famosa "cunha". Este hábito continuou a vigorar. Ganhou força cultural e diversas designações, sendo a "ordem superior" o expoente máximo da indisciplina e do aproveitamento.

Estes dois meses e mais umas semanas que se acercam lentamente da vida dos angolanos, veio desarrolhar um conjunto de situações que estão a provocar uma calamidade ainda maior: a instabilidade do tecido socioeconómico que certamente provocará mais arrepios que a Covid-19. Espera-se, todavia, que a "ordem superior" venha a ficar em confinamento permanente.

As lições vão-se acumulado freneticamente, dia após dia, com muitas interrogações e inseguranças, mas com uma certeza única de que o que sabemos hoje será questionado amanhã. O que fazemos hoje será motivo de contestação no futuro. O que ensinamos hoje poderá ser esquecido mais lá para frente. É um pouco da nossa sociedade líquida.

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