Fontes oficiais confirmaram aos Novo Jornal esta deslocação do Presidente da República à Índia, com uma agenda carregada de momentos planeados para o estreitar de relações entre os dois países, incluindo um encontro com o primeiro-ministro Narendra Modi.
João Lourenço, depois do encontro com Narendra Modi no dia 03, tem uma participação que as fontes do Novo Jornal consideram de grande importância com a comunidade empresarial indiana, no dia 04, bem como a assinatura de múltiplos acordos bilaterais que visam catapultar as relações entre Luanda e Nova Deli para um nível superior.
Com o Chefe de Estado angolano segue uma abrangente comitiva empresarial que, ao longo da visita e, especialmente, no dia do Fórum, procurarão alinhavar as bases para futuras parcerias de negócios e investimentos em diversas áreas das economias angolana e indiana.
Esta visita foi precedida de um encontro do ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do PR, general Francisco Furtado, com o embaixador indiano em Luanda, onde se discutiu, entre outros assuntos, mecanismos comuns de fortalecimento da cooperação bilateral.
A Índia tem há anos um olhar permanente sobre Angola e a sua embaixada em Luanda repete amiúde iniciativas culturais e de carácter económico/comercial para aproximar interesses mútuos, de onde faz parte uma intenção antiga de investimentos em áreas como o comércio e a agricultura, entre outros.
A última vez que o Presidente angolano se deslocou oficialmente à Índia foi e 1987, com o então Presidente José Eduardo dos Santos a responder a uma visita que o antigo primeiro-ministro indiano, Rajiv Ghandi, fizera a Luanda, no ano anterior.
No entanto, ao longo das décadas de relações bilaterais, que remontam à data da independência de Angola, governantes de um e do outro país têm falado não apenas à margem de eventos internacionais como em visitas ao nível de ministérios, com destaque para o das Relações Exteriores ou Negócios Estrangeiros.
A Índia, país que é uma das economias que mais cresce no mundo na última década, integrando organizações de relevo global, como o G20 ou os BRICS, e é um dos grandes parceiros comerciais do continente africano.
Anualmente as trocas comerciais da Índia, país com perto de 1,4 mil milhões de habitantes, pouco mais que a população africana, com África aproxima-se dos 100 mil milhões USD, com destaque para os combustíveis minerais, alimentos, produtos farmacêuticos e, entre outros, maquinaria ligeira e veículos.
Enquanto do continente, no seu conjunto, Nova Deli importa essencialmente petróleo, diamantes, frutos e nozes de frutos, como o caju, cobre e outros minérios, sendo que a estes valores há que acrescentar a parcela do investimento indiano em África que ultrapassa os 70 mil milhões USD.
Com esta visita, Angola está a querer posicionar-se para receber parte do que Nova Deli projecta para o futuro que é, assumidamente, um aumento substantivo da sua presença no continente, incluindo no investimento externo.
Na soma dos fluxos financeiros aparece a Índia a exportar para África bens no valor anual de cerca de 50 mil milhões USD e em sentido inverso cerca de 47 mil milhões de dólares, sendo a África do Sul, de longe, o mais relevante parceiro comercial da Índia no continente.
Com o país mais austral do continente surgem nesta lista a Nigéria, o Quénia, a Tanzânia ou o Egipto, mas não Angola, embora o potencial exista para crescer, como as autoridades indianas têm sublinhado, numa altura em que Nova Deli procura duplicar as trocas comerciais com África para os 200 mil milhões USD, em ambos os sentidos.
Uma das grandes apostas deste também gigante asiático é a agricultura, cujo potencial africano, como o caso de Angola o demonstra bem, está muito longe de atingir o limite, enquanto na Índia a produção agrícola está permanentemente no seu máximo.
Apesar de Angola não estar na lista dos maiores parceiros comerciais da Índia em África, ainda assim Nova Deli é muito relevante para Angola, visto ser o 2º maior parceiro asiático de Luanda em valor das trocas comerciais, que rondava em 2023 os 4,3 mil milhões USD.
A Índia é responsável, segundo algumas fontes, por aproximadamente 10% do comércio total de Angola, com destaque para as importações de crude e pedras preciosas ou alumínios, enquanto os alimentos e maquinaria ligeira, veículos e têxteis perfazem a maior parte das importações de Angola daquele país, sendo o deve e haver largamente favorável a Angola, de cerca de 3,6 mil milhões USD para cerca de 690 milhões USD.