A conclusão do projecto, que estava inicialmente prevista para 2021, parece estar finalmente na recta final.
Este complexo hospitalar começou por ser tutelado pela Casa de Segurança do Presidente da República, mas, em Julho de 2020, passou a estar sob a responsabilidade do Ministério da Saúde.
A medida foi então anunciada na página da Presidência na rede social Facebook, e "visava materializar o princípio do Executivo de ampliar a construção e ampliação da rede de hospitais públicos para garantir uma melhor assistência médica e medicamentosa à população".
Segundo a nota publicada, "a ideia é pôr à disposição dos angolanos um hospital de referência, diferenciado e equipado com tecnologia moderna e de alta precisão no diagnóstico e tratamento de doenças de elevada complexidade".
Em Dezembro de 2019, porém, o Chefe de Estado assinou um decreto em que criava e aprovava o estatuto orgânico do Hospital Pedro Maria Tonha "Pedalé".
No texto do diploma lia-se que a unidade hospitalar seria de "assistência e apoio técnico ao Presidente da República e aos principais dirigentes do Estado", conforme notícia avançada pelo Novo Jornal.
A polémica rebentou e, uns dias depois, a 15 de Fevereiro de 2020, numa visita às obras da unidade hospitalar, João Lourenço afirmava aos jornalistas que aquele não era um hospital apenas para a classe política nacional.
"Imagina um hospital desses para servir a classe política, em nenhuma parte do mundo isso é possível, portanto o que foi dito não passa de mera especulação", observou o Presidente João Lourenço.
Mas, de acordo com o texto do decreto de 24 de Dezembro, a unidade hospitalar deveria prestar serviços médicos ao Presidente da República e aos principais dirigentes do Estado, e de avaliação e rectaguarda assistencial aos demais hospitais nacionais para doentes com critério de evacuação médica para o exterior do País.
Ainda de acordo com o mesmo decreto, são também atribuições deste novo hospital "prestar assistência médica e cirúrgica altamente diferenciada, realizar a avaliação e tratamento dos casos clínicos remetidos pela Junta Nacional de Saúde e Junta Médica Militar, promover cursos de formação graduada, pós-graduada e contínua, promover a investigação médica e biomédica, promover e celebrar protocolos de cooperação com instituições nacionais ou estrangeiras no domínio assistencial, de formação e de assistência técnica".
"Sempre que necessário, a nova unidade hospitalar deve, segundo o estabelecido no decreto que aprova o estatuto orgânico, "estabelecer parcerias na gestão com parceiros nacionais ou estrangeiros, buscando a optimização de recursos e alta rentabilidade, liderança do mercado da saúde nacional e elevado nível de exploração da capacidade tecnológica instalada, exercer as demais atribuições estabelecidas por lei ou determinadas superiormente".
A construção do Complexo Hospitalar General Pedro Maria Tonha "Pedalé" está avaliada em 128,1 milhões de dólares, segundo um decreto presidencial de Janeiro de 2019.
Segundo o documento, consultado pelo Novo Jornal, o complexo hospitalar inclui um centro de treinos, heliporto e um edifício de apartamentos e hotel.
Os custos, inicialmente fixados em 128,1USD, cobriam, para além dos encargos com a construção, a prestação de serviços de fiscalização e o fornecimento e instalação de equipamentos.
A obra, que foi executada mediante processo simplificado e não por concurso público, face à necessidade de adoptar "um procedimento mais célere", era explicada pela necessidade de "melhorar a assistência e acompanhamento médico aos doentes a nível do sistema de saúde pública".
A sociedade anónima TPF - Consultores de Engenharia e Arquitetura apresenta, no seu portefólio, a obra do Complexo Hospitalar Pedro Maria Tonha "Pedalé", que segundo a empresa, está localizado no Morro Bento, em Luanda, junto ao Condomínio do GEPA, num lote de terreno com área total de cerca de 32.000,00 m2.
O edifício principal desenvolve-se em três pisos com uma área total de construção de 29.062 m2, onde estão incluídas as áreas técnicas exteriores.
Na página da empresa na internet pode ler-se que o hospital estará organizado por dois andares: No piso -1, com cerca de 5050 m2, ficarão instaladas as áreas técnicas (depósitos de água, central térmica e central de gases), os serviços de apoio ao funcionamento do hospital (vestiários, armazéns, farmácia hospitalar, cozinha, lavandaria, esterilização, morgue e armazenamento de resíduos hospitalares), os serviços clínicos (área de Radioterapia - com duas salas de tratamentos, uma sala de braquiterapia e um simulador), e a área de medicina nuclear (sala de PET, sala de Gama-câmara e um micro-ciclotrão para a produção de radio-fármacos).
No piso 0, com cerca de 7940 m2, as áreas funcionais e de serviços incluem recepção e cafetaria para o público, e entradas diferenciadas para urgências e consultas externas a funcionar em 36 gabinetes de consulta e 16 salas de exame;
O piso 0 dispõe também de salas de exame de imagiologia (Ressonância Magnética, TAC, Raio-X, Ecografia, Mamografia e Angiografia), de Hospital de Dia Oncológico, de serviço de urgências (com separação entre urgência de adultos (7 gabinetes) e urgência Pediátrica (4 gabinetes); de uma área de medicina física e reabilitação, que engloba um ginásio e uma sala de tratamentos de hidroterapia com tanque de marcha.
O mesmo piso contará também com uma área laboratorial (com zona de colheitas, banco de sangue com 3 três postos para colheita de dadores, laboratório de patologia clínica e anatomia patológica) e de um refeitório.
Na área adjacente ao edifício principal, segundo a TPF - Consultores de Engenharia e Arquitectura, estão situados dois edifícios destinados à farmácia de venda ao público e ao centro de hemodiálise.
No piso 1, com cerca de 7916 m2, vão funcionar cinco blocos operatórios, um dos quais destinado a cirurgia robótica (recurso ao robot cirúrgico Da Vinci), uma Unidade de Cuidados Intensivos com 16 camas, um posto de enfermagem e sala de trabalho, uma Unidade de Cuidados Intermédios com 16 camas, duas salas de partos, zona de preparação e recobro, e ainda uma zona de internamento com 74 quartos, todos com luz natural, com várias tipologias: individuais, duplos, triplos, VIP e de isolamento, totalizando 111 camas.