Numa ronda feita nos municípios de Cazenga, Cacuaco e Viana, o Novo Jornal constatou que milhares de pessoas que foram aos BUAP desde o dia 23, dia em que se iniciou o processo de registo eleitoral oficioso, não conseguiram receber o cartão do munícipe.
"Não sei se são problemas burocráticos ou técnicos. Desde quinta-feira que não consigo tratar o cartão do munícipe", reclamou o cidadão António Lameira Vunge, que mora no município de Viana.
Segundo ele, para atender três ou quatro cidadãos, os funcionários do BUAP levam uma hora para emitir o cartão do munícipe, que vem substituir o atestado de residência.
O cidadão Serafim da Costa, não consegue o cartão do munícipe desde sexta-feira, apesar de chegar de madrugada à administração municipal de Cacuaco, local onde estes processos estão a ser tratados.
"Por dia entregam apenas 100 senhas de atendimento. Mesmo assim, não conseguem atender todas estas senhas alegando problemas técnicos nos equipamentos", disse, esclarecendo que para entrega do cartão do munícipe, é exigido também um recibo de energia ou de água, o que muitas pessoas não possuem.
Muita gente que vai aos BUAP é para apenas adquirir o cartão do munícipe, já que este substitui o atestado de residência.
O munícipe Almeida Fani, aborrecido com o atendimento dos funcionários do BUAP em Viana, disse que a sua grande preocupação é o cartão do munícipe (que tem uma utilidade mais alargada que o mero voto) e que se fosse apenas por causa do registo eleitoral, já tinha desistido "há muito".
"O processo começou muito mal. Acredito que haverá muitas reclamações a nível dos partidos políticos", frisou apelando a que o Executivo encontre outros mecanismos para acelerar o processo.
Nos três principais municipais de Luanda onde o Novo Jornal passou para observar processo do registo eleitoral oficioso, nenhum responsável dos BUAP aceitou prestar declarações oficialmente por alegadas falta de autorização para tal.
No entanto, num destes locais, um desses responsáveis admitiu que se trata "de problemas técnicos e não burocráticos" e que "tudo está a ser feito para ultrapassar a situação".
Estão previstos 596 BUAP para as 18 províncias do País dos quais 84 vão estar abertos em Luanda.
Este processo é fundamental para a preparação das eleições gerais de 2022.
O Ministério da Administração do Território (MAT), que conduz o processo, prevê registar, em todo o país, 12 milhões de cidadãos para as eleições do próximo ano, dos quais 450 mil cidadãos angolanos na diáspora em 57 países e 77 missões diplomáticas.
Durante o processo, prevê-se, igualmente, a actualização de dados eleitorais de dois milhões de cidadãos.