Diz a UNITA que "alguns eleitores acreditam que o presidente do partido que governa atrasou de propósito a convocação das eleições para ter mais tempo para subverter a competição leal, fazendo campanha real em período que a Lei não reserva para campanhas".

"De facto, sem eleições convocadas, não há campanhas eleitorais. Se recuarmos no tempo, verificamos que, em 2017, o Presidente da República convocou as eleições de 23 de Agosto no dia 26 de Abril, através do Decreto Presidencial n.º 84/17", ou seja, 153 dias antes do termo do mandato do Presidente da República e dos Deputados à Assembleia Nacional em funções Numa comparação com o Governo do antecessor de João Lourenço, José Eduardo dos Santos, a UNITA diz que "em 2017, ao convocar as eleições cerca de cinco meses antes do termo do mandato, bem antes do prazo limite mínimo de 90 dias, o Presidente JES proporcionou aos angolanos níveis maiores de igualdade e de verdade eleitoral entre os concorrentes".

Para a UNITA, a não marcação de eleições acontece porque o Presidente da República e líder do MPLA "pretende obter vantagem ilícita, utilizando o máximo de recursos públicos para fazer campanha real antes de convocar as eleições".

"Assim, faz campanha sozinho, enquanto os outros aguardam pela convocação das eleições para poderem ter recursos do Estado para as suas campanhas. É esta a lisura, a transparência e a verdade eleitoral que o senhor Presidente João Lourenço decidiu oferecer aos angolanos", lê-se ainda no comunicado.

A UNITA, que acusa o Presidente da República de "agravar o que estava mal e piorar o que estava bem", termina dizendo que "são estes comportamentos ofensivos à igualdade de oportunidades e à democracia que descredibilizam os processos eleitorais dirigidos pelo partido-Estado, e não a sua denúncia" e que "a presença estruturalmente minoritária dos partidos políticos na Assembleia Nacional e na Comissão Nacional Eleitoral não impede nem invalida a crítica nem a denúncia dos vícios que atentam contra a transparência e a verdade eleitoral".