O requerimento do Grupo Parlamentar do MPLA apresentado hoje na Assembleia Nacional para que o Parlamento manifeste solidariedade para as famílias enlutadas nos acontecimentos de Cafunfo, que envolveu os apoiantes do "Movimento Protetorado Lunda Tchokwe" e forças da ordem, resultando em seis ou 25 mortos, consoante as fontes, foi justificado pelo preponente como um lamento pela perda de vidas humanas.

O requerimento apresentado pelo deputado João Pinto, do MPLA, 20 dias depois dos incidentes, lamenta a morte de vidas humanas, condenando o incitamento à subversão da ordem constitucional e defende a indivisibilidade de Angola.

"Apelamos aos angolanos para respeitarem a Constituição. A nossa Carta Magna não proíbe manifestações, mas elas devem ser feitas de forma ordeira e pacífica", diz o documento apresentado pelo deputado que concluiu "haver interferências políticas no caso Cafunfo".

Este requerimento tem como base os acontecimentos de 30 de Janeiro, na vila mineira de Cafundo, na Lunda Norte, quando umas centenas de pessoas protagonizaram uma "rebelião armada", na versão do Governo, e integravam uma "manifestação pacífica", segundo o Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, que levou a confrontos com as forças de segurança, deixando pelo caminho 25 mortos, segundo os manifestantes, seis, segundo o Ministério do Interior.

O presidente da segunda comissão da Assembleia Nacional que trata dos assuntos ligados à Defesa e Segurança, Roberto Leal Monteiro "Ngongo", acusou a oposição de manipular a opinião pública relativamente aos acontecimentos do Cafunfo.

"Não se admite que um grupo de cidadãos munidos com catanas, facas e armas de fogo, ataquem pela madrugada uma esquadra da Polícia", defendeu Ngongo, embora esta versão seja fortemente contestada porque os manifestantes estavam ainda a organizar o evento quando foram, alegadamente, atacados pelas forças policiais, embora a versão oficial seja que estavam a atacar uma esquadra.

A segunda vice-presidente da UNITA, Michael Weba, lamentou que os actos de terror praticados no Cafunfo manifestem, mais uma vez, a incapacidade do regime do MPLA construir a democracia e a unidade da Nação.

"Não houve manifestação em Cafunfo. Os cidadãos reclamavam das péssimas condições de vida em que vivem", frisou a deputada apelando ao Presidente da República, João Lourenço, a colocar fim "a estas atitudes antipatrióticas, começando por cessar, imediatamente, a onda de perseguições e caça ao homem em Cafunfo e em todo o País".

O deputado independente da CASA-CE, Lindo Bernardo Tito, disse que esta atitude do Grupo Parlamentar do MPLA "é para humilhar as famílias enlutadas".

"Esta é uma provocação, porque no Cafunfo foram mortas dezenas de angolanos e o chefe do Executivo mantém-se calado", frisou.

O presidente da FNLA, Lucas Ngonda, disse, naquilo que é uma nova abordagem a este problema, que o incidente do Cafunfo ocorreu "porque a Polícia Nacional apreendeu 63 pedras de diamantes da população local".

"Pelas informações que temos, a polícia apreendeu 63 diamantes da população (levando à uma reacção dos populares) e não houve quaisquer reivindicações para separação das Lundas", finalizou.