O conclave, que conta com a participação de 2.000 delegados de todo o território nacional e do exterior do País, vai decorrer sob o lema "MPLA, da independência aos nossos dias - os desafios futuros".

Os delegados ao VIII Congresso Extraordinário do partido vão analisar também os resultados económicos e sociais obtidos desde a independência nacional, bem como questões específicas para o funcionamento da organização, identificando os pontos fortes e fracos e os desafios político-eleitorais.

Segundo apurou o Novo Jornal, dos 131 artigos que compõem os estatutos do MPLA, prevê-se a revisão do artigo 120, que hoje estabelece que o Presidente do partido encabeça a lista de candidatos, pelo círculo nacional, e é também candidato a Presidente da República, abrindo portas à bicefalia no poder.

O conclave acontece depois de o Tribunal Constitucional (TC) ter rejeitado a providência cautelar para suspender o congresso, interposto pelo militante e candidato assumido à liderança do partido, António Venâncio.

Este órgão de soberania considerou que António Venâncio não apresentou provas dos prejuízos que poderiam advir da deliberação do Comité Central do MPLA sobre o congresso e que não se verificaram os pressupostos para conceder a providência cautelar.

Reagindo à decisão na sua página de Facebook, António Venâncio sublinha que o TC ignorou as principais violações que motivaram a providência cautelar e decidiu dar continuidade ao processo mediante uma acção principal, que dará entrada "em tempo oportuno" na secretaria judicial do TC.

Embora não sendo electivo, este congresso é aguardado com "muita expectativa", numa altura em que muitos militantes influentes do partido estão contra a alteração dos estatutos.

É o caso do militante, Fragata de Morais, que, em declarações ao Novo Jornal, lançou críticas ao seu próprio partido e chamou a atenção para o que se está a passar em Moçambique.

Manifestou-se contra a alteração dos estatutos no VIII Congresso Extraordinário, sublinhando que só um conclave ordinário tem competência para o fazer.

Neste Congresso Extraordinário, segundo analistas políticos, o partido no poder deverá definir estratégias para os futuros desafios políticos.

Refira-se que MPLA já realizou sete congressos extraordinários, tendo, em cinco deles, nomeadamente em Dezembro de 1980, Abril de 1991, Maio de 1992, Abril de 2011 e Junho de 2019, feito ajustamentos aos estatutos do partido.

Em 1977, o MPLA realizou o seu primeiro congresso, que elegeu António Agostinho Neto presidente do MPLA.

O MPLA foi fundado em 1956 e isso ocorreu num contexto de repressão colonial portuguesa em Angola. O partido rapidamente se tornou um símbolo da resistência anticolonial e mobilizou amplos sectores da sociedade angolana na luta pela independência.

Ao longo de 14 anos de luta armada, o MPLA enfrentou duras batalhas contra as forças coloniais portuguesas.

O partido também se destacou pela sua actuação política, mobilizando a população angolana e buscando apoio internacional para a causa da independência.

Em 1975, com o fim da guerra colonial portuguesa, o MPLA proclamou a independência de Angola.