Através deste esquema, a consultora conseguiu garantir contratos vantajosos com o Ministério da Economia de Angola e com o Banco Nacional de Angola, o que gerou à consultora receitas totais de 22,5 milhões de dólares, segundo o Financial Times.
Os subornos, que variavam entre 20% e 35% do valor dos contratos acordados, foram pagos a um agente externo com fortes ligações às autoridades angolanas. O do Departamento de Justiça dos EUA revelou que certos funcionários da BCG em Portugal tomaram medidas deliberadas para encobrir a verdadeira natureza dos pagamentos e do trabalho realizado pelo agente, medidas que incluíram a retroactividade de contratos e a falsificação de documentos que alegadamente justificavam os serviços prestados.
Esses contratos terão gerado um lucro de 14,4 milhões de dólares, mas, como parte do acordo com as autoridades norte-americanas, a consultora comprometeu-se a devolver o montante total dos lucros obtidos com os contratos em Angola.
Apesar das evidências de que a BCG violou a Lei de Práticas de Corrupção no Estrangeiro dos EUA (Foreign Corrupt Practices Act), o Departamento de Justiça dos EUA não avançou com acusações criminais contra a empresa, baseando a decisão no facto de a BCG ter reportado voluntariamente as suas condutas ilícitas às autoridades, além de ter cooperado integralmente com a investigação. A empresa também terá tomado medidas internas rigorosas, despedindo os funcionários envolvidos no esquema de subornos e fechando o seu escritório em Luanda, capital de Angola.
O Departamento de Justiça dos EUA sublinha, no entanto, que reserva o direito de reabrir a investigação contra a BCG caso novas informações venham a lume. Além disso, a possibilidade de processos criminais contra indivíduos envolvidos no esquema não está descartada.