Como melhor e mais rápido caminho para garantir a alternância no poder em Angola, por parte da UNITA, como sublinhou em declarações ao Novo Jornal Alcides Sakala, histórico dirigente do partido, está a agregação de esforço da toda a oposição em torno de uma candidatura única.

Mas a questão é mais complexa, porque, como lembrou Sakala, "no passado, a UNITA fez várias propostas a respeito da situação, mas outas formações políticas da oposição tiveram as suas estratégias e as coisas não funcionaram".

Recorde-se que Abel Chivukuvuku, antigo dirigente da UNITA e ex-líder da CASA-CE, admitiu recentemente apoiar outro candidato que não ele para derrotar João Lourenço e o MPLA nas Presidenciais de 2022 desde que este saia de uma coligação da oposição, se não conseguir, até lá, legalizar o seu PRA-JA Servir Angola.

A "cara" do projecto PRA-JA Servir Angola, que luta na justiça por ver reconhecida a sua legalização, até ao momento travada pelo Constitucional por alegadas irregularidades processuais, sublinhou que não faz questão de ser ele a dar a cara por uma candidatura que una a oposição numa frente contra a candidatura do MPLA, encabeçada pelo actual Chefe de Estado, João Lourenço.

Abel Chivukuvuku garantiu ainda que é errada a ideia de que "não aceita mais nada" que não seja ser ele mesmo a encabeçar uma candidatura, afirmando que isso não está evidente no seu percurso político, visto que foi dirigente da UNITA "durante mais de 30 anos" e nunca foi presidente do maior partido da oposição.

Face a este repto de Abel Chivukuvuku, Alcides Sakala actual dirigente e candidato derrotado nas eleições internas no último Congresso da UNITA, que foi seu companheiro durante décadas no partido do "Galo Negro", lembrou ainda que este "é um debate que não se esgota".

"Caso haja consenso entre todas as formações políticas da oposição e a sociedade civil, este é um bom caminho a seguir", referiu Sakala, salientando que os partidos políticos devem estar prontos para ignorar a suas ambições pessoais pelo bem do País.

"A unidade e a coesão ajudou o Malawi a alternar o poder naquele País durante as eleições em que foi vencedor Lazarus Chakwera. Aqui também pode acontecer", acrescentou o deputado.

Já do lado da CASA-CE, Manuel Fernandes, considera também "ideal" que nas eleições gerais de 2022 surjam apenas duas candidaturas.

"Vamos deixar as nossas ambições políticas de parte. Vamos pensar para o bem de Angola e da democracia. Unidos estaremos em condições de protagonizarmos uma mudança histórica em Angola", disse Manuel Fernandes, que, todavia, admitiu não ser fácil este consenso.

"Vamos juntar as forças para ultrapassar situações difíceis que o nosso País atravessa" insistiu, frisando que com o único candidato, a oposição estará mais próxima de dirigir o País.

E deu como exemplo os Estados Unidos: "Seguimos o exemplo dos Estados Unidos da América, onde apenas dois partidos (Republicanos e Democratas) participam regularmente nas eleições", concluiu.

O deputado do MPLA Tomás da Silva disse ao Novo Jornal que uma coligação de partidos políticos nas eleições gerais de 2022 não preocupa o seu partido.

"São livres de fazerem o que eles querem", resumiu o deputado do MPLA.