O deputado da UNITA Joaquim Nafoia, que diz que estava à espera desta vitoria de Donald Trump, adiantou estar convicto de que o Governo angolano vai receber "uma lição".

"Os que fazem golpes constitucionais violando leis, vão ter que pensar duas vezes e os corruptos também. A vitória de Donald Trump é uma derrota para os regimes de países africanos que o Presidente Joe Biden protegia", referiu o também vice-presidente da segunda comissão da Assembleia Nacional, que trata dos assuntos de defesa e segurança.

Questionado sobre a visita do ainda Presidente Joe Biden a Angola em Dezembro, Joaquim Nafoia referiu que a mesma já não tem um "peso significativo" visto ser agora um Presidente de saída com a agravante de para o seu lugar estar a chegar alguém que não tem nem a sua visão estratégica para o mundo nem a sua visão para o futuro dos EUA.

"Na sua deslocação a Angola, Joe Biden tem que conversar com Donald Trump, especialmente sobre o Corredor do Lobito. Este processo tem que ser revisto, porque o novo Presidente poderá ter uma outra visão", disse.

Na sua opinião, o regresso de Trump à Casa Branc (ver links em baixo nesta página) a não está a ser bem visto pelas autoridades angolanos, que tiveram relações privilegiadas com a administração Joe Biden.

"Havia muito entusiasmo sobre a vinda de Joe Biden, mas a partir desta quarta-feira, 06, o clima junto do Executivo angolano mudou", acrescentou. Joe Biden tinha prometido visitar África em 2023.

A visita oficial a Angola esteva agendada para 13 a 15 de Outubro, deste ano, mas a Casa Branca anunciou o adiamento, justificando com os impactos de furacões que afectavam várias regiões norte-americanas. A mesma ficou agora para o mês de Dezembro deste ano.

Quando foi anunciada a primeira data da deslocação a Angola, Washington disse que esta tinha por objectivo reforçar parcerias económicas e assinalar o avanço da primeira rede ferroviária transcontinental de acesso livre em África, numa referência ao projecto do Corredor do Lobito.

O deputado Xavier Jaime, do PRA-JÁ Servir Angola, eleito na lista da UNITA, diz que esperava a vitória de Donald Trump, afirmando, porém, que, no essencial, a política externa dos Estados Unidos da América não muda.

"Esperamos que a vitória de Trump venha a desanuviar vários conflitos que estão a colocar o mundo em perigo" disse, sem acrescentar qualquer referência à questão das relações Washington e Luanda.

O secretário-geral do Bloco Democrático, Muata Sebastião, na sua opinião pessoal, espera que Donald Trump não venha patrocinar ditaduras em Africa.

"Partidos vencedores das eleições em muitos países africanos são prejudicados pelos que estão no poder há muitos anos, sem a reacção da comunidade internacional. Espero que a administração Trump mude o actual quadro", notou.

Na sua opinião a vitória de Trump preocupa alguns africanos, que receiam uma menor cooperação com o continente e políticas de migração rigorosas.

Sobre a vinda de Joe Biden a Angola, Muata Sebastião entende que muita coisa na agenda será alterada, tendo em vista os resultados das eleições que deram vitoria a Donald Trump.

"É um líder norte-americano que visita Angola e isso é muito importante. Mas agora as coisas já não são as mesmas. Deveria ser uma grande história se isso fosse no princípio", disse.

O secretário-geral do PRS, Rui Malopa Miguel, disse que o eleito Presidente dos Estados Unidos de América (EUA), Donald Trump, é uma figura que sempre se posicionou com uma visão diferente para o continente africano, onde se prática muita corrupção.

Em relação a Angola, o também deputado à Assembleia Nacional referiu que haverá "muitas dificuldades" de coabitação com um País onde os casos de corrupção são frequentes e conhecidos.

"Embora possam haver esforços do Executivo para combater à corrupção, se a situação continuar, a administração Trump não vai dar tréguas", acrescentou.

Relativamente à visita de Joe Biden a Angola, o deputado disse que agora o contesto é outro: "Como já disse, o Trump tem uma visão diferente sobre Angola".

O Novo Jornal contactou vários membros e deputados do Grupo Parlamentar do MPLA, mas estes por enquanto não aceitaram dar o seu ponto de vista, esperando um pronunciamento oficial.

Refira-se que a visita do Presidente a Angola, que será a primeira de um Chefe de Estado norte-americano a este País, celebra a evolução da relação entre os EUA e Angola.

A visita sublinha o compromisso contínuo dos Estados Unidos para com os parceiros africanos e demonstra como a colaboração para resolver desafios partilhados é benéfica para o povo dos Estados Unidos e de todo o continente africano.

Biden será o primeiro Presidente norte-americano a visitar a África subsariana desde que o então Presidente Barack Obama se deslocou ao Quénia e à Etiópia, em 2015.