O Chefe de Estado, na conferência de imprensa realizada no Palácio Presidencial, a primeira de 2022, explicou que considera ser uma vergonha apenas um grupo nacional, o Grupo Leonor Carrinho, ter reunido as garantias suficientes para que o credor, o Deutshe Bank, concedesse esse crédito, de 200 milhões de euros, assim como a garantia soberana do Executivo angolano.

"Qual a imagem que estamos a passar lá para fora?!", questionou, lançando o desafio às empresas angolanas para se organizarem de forma a poderem aceder a esta verba para investir na economia nacional, que disse ser a sua grande prioridade na forma da sua diversificação..

O presidente da CEA, Francisco Viana, em declarações ao jornal Valor Económico, rejeitou as críticas e afirmou que a culpa era de "quem recebeu e negociou os mil milhões de euros e quem escondeu muito tempo nas gavetas pensando que vai comer sozinho".

Na reunião desta quinta-feira em que estiveram igualmente presentes o ministro da Economia, o secretário de Estado das Finanças e Tesouro, o vice-governador do Banco Nacional de Angola e administradores do BDA, as conclusões foram as seguintes: "decidiu-se que se estude com urgência os projectos já submetidos ao BDA no âmbito da referida linha de crédito e que se avalie o financiamento do down payment dos projectos através do Fundo Activo de Capital de Risco Angolano (FACRA)".

"Os participantes recomendaram diminuir as garantias entre 50 a 70%, de acordo com os riscos inerentes, avaliar a possibilidade de renegociação das taxas de juro e capital do período de carência e encontrar uma solução para as dívidas dos empresários registados na Central de Informação de Risco de Crédito, principalmente os que têm projectos em esforço", lê-se no comunicado final da reunião.

Mas na reunião foram igualmente registados os constrangimentos na operacionalização da linha de financiamento identificados pelo BDA: a não demonstração de capacidade financeira para comparticipar com recursos próprios no financiamento; a insuficiente capacidade de endividamento face ao valor do financiamento; a não apresentação de contratos de importação/exportação, bem como de fornecedores elegíveis; o longo período de negociação entre o sindicato de bancos financiadores e as agências de crédito à exportação; as dificuldades de cumprimento das exigências para obtenção da garantia soberana, definidas na Lei n.º 1/14, de 6 de Fevereiro.

Até à data, segundo o BDA, foram apreciados 25 processos no valor global de 686.684.102,68 euros e 239.574.090,25 dólares norte-americanos. Desses 25, foram aprovados oito, havendo ainda a registar, por exemplo, seis cujas candidaturas não foram formalizadas pelos promotores.

Cinco projectos estão ainda em tratamento, ou seja, ainda não foram apreciados em Comité de Crédito do BDA.