Impedidos de circular livremente, os deputados, como avançou ao Novo Jornal por telefone o deputado Joaquim Nafoia, que se integra este grupo, estão há várias horas, desde quarta-feira, sem acesso aos mínimos em matéria de higiene e alimentação.
Os deputados garantem que estão a exercer o seu direito de averiguar o que ocorreu naquela madrugada trágica onde os responsáveis pelo Protectorado Lunda Tchokwe diz que morreram pelo menos 16 pessoas e a polícia afirma que foram seis, e que vão permanecer na zona de Cafunfo até terem cumprido a sua missão.
Na página do Facebook da UNITA na província da Lunda Norte, os deputados dizem que foram colocados contra a sua vontade "no posto da empresa mineira do Cuango, no Casela, a 5 km do sector do Cafunfo, Cuango, Lunda-Norte, sem água nem alimentação desde a detenção" afirmando que o grupo está "firme e forte".
O destino é a "linha de frente" no Cafunfo para "inquerir sobre o massacre que decorreu naquele sector e solidarizar-se com a população".
Recorde-se que o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, já criticou a acção dos diferentes deputados de distintos partidos que foram ao local desinseridos das normas vigentes, como prestar informação ao Presidente da Assembleia Nacional sobre o objecto da sua iniciativa.
Como o Novo Jornal noticiou na quarta-feira, uma Delegação do Grupo Parlamentar da UNITA, enviada à localidade de Cafunfo, Lunda Norte, para apurar as circunstâncias em que ocorreu a violência envolvendo elementos do "Movimento Protectorado Lunda Tchokwe" e da Polícia Nacional (PN), foi impedida de entrar na localidade pelas forças de segurança.
"A Delegação encontrou um dispositivo forte de órgãos de defesa e segurança comandado pelo Segundo Comandante Provincial da Polícia Nacional que alegam de que não têm ordens para deixar os deputados entrarem na localidade", escreveu na sua página do Facebook o líder do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka.
O chefe da comissão desta delegação, o deputado, Joaquim Nafoia, confirmou ao Novo Jornal, que foram impedidos de concluir a missão que os levou ao Cafunfo: "Fomos impedidos de fazer o trabalho, mas nas próximas horas vamos dar mais informações", resumiu o deputado.
Recorda-se que o Grupo Parlamentar da UNITA enviou uma delegação de deputados ao município do Cuango, província da Lunda Norte, para apurar as circunstâncias de um alegado acto de rebelião ligado ao "Movimento Protectorado Lunda Tchokwe", que resultou em seis mortos, na vila do Cafunfo, segundo a versão da polícia, pelo menos 16, de acordo com a versão do Movimento.
Segundo uma nota do Grupo Parlamentar da UNITA, depois desta averiguação no local, apuradas as circunstancias em que ocorreram os acontecimentos, o partido do "Galo Negro" vai solicitar uma comissão parlamentar de inquérito.
O Grupo Parlamentar da UNITA lamenta ainda a postura "parcial dos órgãos de comunicação social públicos, no tratamento destes acontecimentos, pois ao arrepio da Lei não foram ouvidas as vítimas, agora acusadas de rebelião, violando o princípio do contraditório" que descrevem uma situação distante da realidade como esta reportagem da Lusa deixa em perspectiva.
"O Grupo Parlamentar da UNITA condena a insensibilidade do Executivo angolano perante a morte de cidadãos angolanos, pelo simples facto de pensarem de modo diferente, pondo em causa o pluralismo de expressão e de opinião, que são fundamentos do estado de direito democrático", lê-se na nota, apelando os órgãos de justiça a responsabilizarem civil e criminalmente os autores destas mortes.
"O Grupo Parlamentar da UNITA reitera o seu compromisso com a defesa dos valores da paz, da vida e da dignidade da pessoa humana e endereça às famílias enlutadas os seus mais profundos sentimentos de pesar", finaliza a nota.
No dia 31 de Janeiro, o comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, considerou, "estável e tranquila" a segurança pública na vila mineira do Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda Norte, salientando que o número de mortes subiu de quatro para seis, estando um inspector-chefe da Policia Nacional em estado crítico, a receber assistência médica.
Segundo o comissário-geral Paulo de Almeida, alguns elementos do movimento estão identificados e a acção da Polícia Nacional vai continuar, para se encontrar os cabecilhas do atentado e tomar as medidas que se impõem, levando-os ao tribunal.
Recorda-se que o movimento Protectorado Lunda Tchokwe tinha convocado para sábado último, uma manifestação para apelar o Governo angolano que negoceie a autonomia daquela região, com base num acordo entre o povo Lunda-Tchokwe e o Governo colonial português, que não foi tido em conta após a independência de Angola.