"Essa é parte do dinheiro que a UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola] disponibilizou para aliciar arruaceiros e que só não foi disponibilizado porque nós denunciámos antecipadamente", lê-se na nota enviada por Rui Falcão, secretário para a Informação do bureau político do MPLA.

Segundo a nota do Movimento Popular de Libertação de Angola, a UNITA "não aponta o nome de quem terá entregado o referido montante e, muito menos, quem recebeu".

Como tal, refere o texto, "só acredita nele quem não quer ver a verdade".

Rui Falcão disse ainda, mas numa intervenção para militantes do seu partido, que a diferença entre o MPLA e as outras forças políticas, está no facto de não serem "arruaceiros".

"Nós amamos o povo e primamos pela defesa da vida, esse é o legado que os nossos dirigentes deixaram e é esse o legado que vamos transmitir as futuras gerações", afirmou.

"Há três semanas andavam a embandeirar em arco que já tinham ganhado, mas estão agora a render-se à evidência", acrescentando que o comité provincial do partido de Luanda "foi surpreendido com um grupo significativo de jovens, antigos militantes da UNITA que se entregaram voluntariamente ao MPLA".

"Quando me comunicaram sobre o ingresso de antigos militantes da UNITA para o MPLA reflecti sobre as causas, e as descobri na mesma madrugada. O senhor Adalberto fugiu do país, depois de pagar a arruaceiros para fazer manifestação", apontou.

O dirigente político disse ainda que "Adalberto Costa Júnior não aprende, voltou a ligar para o seu amigo Ekuikui para consertarem mais confusão na cidade de Luanda e deu-se o luxo de dizer "mobilize esses arruaceiros, o dinheiro não nos falta"".

UNITA diz que vai avançar com queixa-crime à PGR contra "aliciamento" aos seus militantes em Luanda

Na sexta-feira, pelo menos 22 milhões de kwanzas foram apresentados à imprensa pelo secretariado provincial de Luanda da UNITA, oriundos, alegadamente, de um esquema que visava "aliciar militantes deste partido para se manifestarem contra o presidente do partido, Adalberto Costa Júnior".

Segundo o secretário provincial de Luanda da UNITA, Nelito Ekuikui, um dos promotores da campanha é um antigo secretário da mobilização urbana do seu partido, na capital angolana, que estará a trabalhar supostamente com o "comité provincial de Luanda do MPLA".

Nelito Ekuikui deu conta que o aliciamento de militantes do seu partido decorre há três meses, acusando que alguns dos dissentes da UNITA em Luanda "estão a agir em nome do secretário provincial de Luanda do MPLA" e terão entregado os valores "para que mais de 100 militantes da UNITA marchassem na sexta-feira contra o seu líder".

"E como o secretário para a mobilização do comité municipal da UNITA no Kilamba Kiaxi comunicou-nos, dissemos que o partido precisava de provas daí que orientámos que o mesmo aceitasse o convite, a partir daí foram realizadas várias reuniões e temos provas em áudio e aí temos esse dinheiro", explicou.

O dinheiro, adiantou Nelito Ekukui, "é prova de que o combate à corrupção, bandeira do senhor Presidente da República, João Lourenço, é uma autêntica mentira, porque os seus colaboradores à luz do dia promovem-na".

"Lamentamos este episódio, queremos apelar que a política deve ser feita com ética, luta política é saudável e MPLA não precisa correr às estruturas da UNITA para mobilizar", atirou o também deputado.

Por seu lado, o secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikuamanga, lamentou a "fome que persiste em Luanda e pelo interior do país", os "graves problemas nos hospitais, situação que é ignorada por quem dirige que pega 22 milhões de kwanzas para dar a pessoas para se manifestarem contra a UNITA".

"Decidimos denunciar esse acto, vamos apresentar uma queixa à PGR a ser protagonizado contra os órgãos do partido no poder, vamos devolver esse dinheiro ao Tesouro Nacional por intermédio da PGR", adiantou Álvaro Chikuamanga.

"No processo que vamos apresentar à PGR vai constar esse dinheiro que deve voltar ao Tesouro Nacional e pedir que a justiça se faça para que o problema da corrupção deva ser encarado com maior responsabilidade", frisou ainda o secretário-geral da UNITA.