O Novo Jornal ouviu dirigentes de três partidos políticos com assento no parlamento (UNITA, CASA-CE e PRS), que criticaram este tipo de comportamento "que não ajuda à estabilidade do País".

O deputado da UNITA, Diamantino Mossokola, desencoraja e critica fortemente este tipo de acções, e referiu que os actores destes actos devem ser responsabilizados na justiça.

"Os actos de desordem social ninguém encoraja. É triste o que observamos hoje na capital do País", disse, acrescentando ainda que "tudo é fruto das políticas negativas do Executivo".

Na sua opinião, neste momento da greve dos taxistas, o Executivo deveria injectar transportes públicos para ajudar a resolver a situação.

"Alguma coisa correu mal, porque os sindicatos e o Executivo já chegaram ao consenso sobre a lotação de 100 por cento nos táxis, mas infelizmente fomos surpreendidos com a greve", lamentou.

O presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, disse que a sua coligação não pode aceitar o comportamento de vandalismo porque ameaça a paz e a segurança das pessoas.

"Não podemos aceitar o comportamento de certos cidadãos criando desordem na rua, aproveitando-se da greve. O que está a acontecer é um atentado à segurança pública e à própria paz", frisou.

Segundo o político, o que aconteceu é "muito feio" num País que se prepara para a realização das eleições gerais este ano.

"É um comportamento a todos os títulos reprovável e deve ser desencorajado", acrescentou.

O secretário-geral do PRS, Rui Miguel Malopa, que também condenou estes actos, entende que durante as negociações entre o Executivo e os sindicatos as coisas não correram bem.

"Não compreendemos que depois do Governo ter aceitado as inquietações dos taxistas, estes partam para uma greve", disse, acrescentando que os actos de vandalismo ameaçam a paz.

Segundo este dirigente do PRS, o Executivo e sindicatos devem vir a público para esclarecer o que aconteceu concretamente.

"O que aconteceu hoje é preocupante. Os envolvidos devem ser responsabilizados", concluiu.

Reacção do BP do MPLA

Entretanto, o Bureau Político do MPLA, num comunicado onde reage aos ataques à sua sede no Benfica, diz que se tratou de um "condenável aproveitamento populista duma reivindicação de parceiros do Estado", referindo-se à greve dos taxistas.

Este órgão de gestão corrente dos assuntos do partido comunica que "repudia, de forma enérgica e veemente" os actos de vandalismo contra a sua estrutura no Benfica, lamentando que estes tenham sido "acompanhado por um reiterado desacato instigante à desordem e à violação da tranquilidade pública".

"E chama a atenção para o perigo que essa irresponsável e gratuita manipulação pode vir a provocar na vulnerabilidade de outras estruturas públicas e privadas, designadamente político-partidárias", adverte e deixa um apelo aos seus militantes para se "manterem calmos e serenos, abstendo-se de provocações e corporizando uma regra estatutária defendida pelo MPLA".

"O Secretariado do Bureau Político do Comité Central exorta o povo angolano, e a juventude em particular, a não embarcar em actos de vandalismos e a manterem-se vigilantes para que a paz arduamente conquistada não seja posta em risco", avança ainda o documento.