Depois da leitura da declaração do início da cerimónia de posse, pela juíza conselheira presidente do Tribunal Constitucional, Laurinda Cardoso, que proclamou a eleição de João Lourenço e de Esperança da Costa para os cargos de Presidente e vice-Presidente, o Chefe de Estado, com a mão direita sobre a Constituição da República, prestou juramento à Nação.
Segundo João Lourenço, "os angolanos demonstraram ao mundo que nos momentos cruciais sabem escolher os dirigentes".
Neste segundo mandato, afirmou o Presidente da República, o Governo vai dar continuidade a todos os projectos e programas iniciados na anterior legislatura.
"Continuaremos a investir no ser humano como principal agente do desenvolvimento, na sua educação e formação, nos cuidados de saúde, habitação condigna, no acesso à água potável e energia eléctrica, nosaneamento básico", prometeu Lourenço.
"Neste segundo mandato, vamos dar continuidade e concluir os projectos públicos de infra-estruturas como o Porto Comercial de águas profundas do Caio em Cabinda, os aeroportos de Cabinda, de Mbanza Congo e o Internacional António Agostinho Neto em Luanda, as refinarias de petróleo de Cabinda, do Soyo e do Lobito, o Polo de Desenvolvimento da Barra do Dande, a barragem hidro-eléctrica de Caculo Cabaça, a interligação dos sistemas norte-centro-sul e leste da rede nacional de electricidade, a construção dos parques fotovoltaicos de energia para grande parte do País", afirmou.
"Vamos construir os sistemas de captação, tratamento e distribuição de água do BITA e da Quilonga para solucionar o déficit de água de Luanda, assim como o grande programa de construção dos canais e barragens, albufeiras de armazenamento de água, no âmbito da luta contra os efeitos da seca no sul de Angola", acrescentou.
No seu primeiro discurso como Presidente empossado pela segunda vez, João Lourenço, que assume os destinos do País por mais cinco anos, prometeu "mais hospitais, mais estradas, mais escolas, mais emprego".
O Chefe de Estado comprometeu-se ainda a melhorar os salários das Forças Armadas Angolanas, dizendo que será um dos actos "dos primeiros dias".
"A formação contínua dos efectivos assim como a melhoria das condições de aquartelamento das tropas e dos seus salários, é algo a que nos dedicaremos logo nos primeiros dias da entrada em funcionamento do Executivo", declarou.
Este discurso de João Lourenço ficou igualmente marcado pelo apelo à Rússia para que ponha fim ao conflito na Ucrânia, quebrando a neutralidade que Angola tem demonstrado desde que começou esta guerra na Europa.
"A República de Angola considera importante que as autoridades russas tomem a iniciativa de pôr fim ao conflito", afirmou.
Angola é hoje um país aberto ao mundo, com uma diplomacia dinâmica, com resultados benéficos para a imagem e para a economia do país, declarou João Lourenço, para depois afirmar que o país "tem vindo a ganhar prestígio e respeito a nível do continente e do mundo, pelo importante papel que vem desempenhando com algum sucesso na resolução de conflitos na região da SADC e da CIRGL, como nos casos da República Centro Africana, e nos conflitos fronteiriços entre o Ruanda e a RDC ou ainda entre o Uganda e o Ruanda".
Este 15 de Setembro ficará registado na história de Angola como o dia em que, pela primeira vez, uma mulher tomou posse como vice-Presidente da República. A antiga secretária de Estado para as Pescas de João Lourenço, doutorada em fito-ecologia pela Universidade Técnica de Lisboa, marca a escolha de um mandato mais focado na igualdade de género, pois, também pela primeira vez, uma mulher foi indicada para presidir à Assembleia Nacional: Carolina Cerqueira, ministra de Estado para a Área Social no executivo anterior, substitui Fernando Dias dos Santos "Nandó", que ocupou este cargo durante 17 anos.
Dos partidos que nas eleições de 24 de Agosto elegeram deputados, a UNITA não marcou presença, enquanto o PRS, a FNLA e o PHA estiveram representados pelos seus presidentes na cerimónia de investidura de João Lourenço.
Estão presentes na cerimónia de investidura os Chefes de Estado de Portugal, Marcelo de Sousa, da Guiné-Bissau, Umaro Embaló, da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, da Namibia, Hage Geingob, e do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa. Marcaram igualmente presença os Presidentes do Congo, Dennis Sassou Nguessou, de Cabo Verde, José Maria Neves, de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova.
Na Praca da República encontram-se também o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, representante da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), Gilberto Veríssimo, e o vice-presidente do Burundi, Prosper Bazombanza.
Nas eleições de 24 de Agosto, o MPLA obteve 51,17 por cento e 124 deputados e a UNITA 43,96 por cento e 90 deputados.
Entre os partidos mais pequenos, foi o PRS quem chegou mais longe, ficando em 3º lugar, com 1,14%, seguindo-se a FNLA, com 1,06%, e o PHA, com 1,02%. Todos eles com dois deputados eleitos garantidos.
A CASA-CE, com 0,76%, a APN, com 0,48%, e o PJANGO, com 0,42% dos votos, não conseguiram qualquer assento parlamentar.
Dos mais de 14 milhões de eleitores inscritos, votaram 6.454.109, o que corresponde a 44,82%. Não votaram mais de sete milhões, equivalendo a 55,18% de abstenção.