O organizador e o comandante operacional foi Neves Adão Bendinha, auxiliado por Domingos Manuel Mateus e por Paiva Domingos da Silva". "A maior parte dos amotinados era de Icolo e Bengo. Entre os participantes, havia estudantes do colégio Casa das Beiras. Os organizadores principais e muitos deles eram do MINA, que transformou-se em MPLA, nomeadamente Neves Bendinha, Raul Deão, Francisco Imperial Santana, Nascimento Manuel Cadete, João Beto e Paiva Domingos da Silva".

As catanas foram compradas na casa de ferragens de Castro Freire e eram guardadas na Sé Catedral. As fardas foram compradas na Mabílio de Albuquerque.

A preparação da "confusão" foi orientada por Manuel das Neves, que teve ainda o apoio e o financiamento de Ernesto Lara Filho, Alexandre do Nascimento, Bento Ribeiro, Aníbal de Melo, Manuel Pereira do Nascimento e Francisco Roseira.

O livro revela também que os ataques foram feitos com catanas porque as armas de fogo prometidas pela União das Populações de Angola (UPA) nunca foram enviadas de Leopoldville. Luís Alfredo Inglês e Pedro César de Barros ainda foram a Leopoldville, mas Holden Roberto ignorou o pedido.

Circulavam na altura, em Luanda, rumores da transferência dos presos políticos da casa de reclusão para a prisão do Tarrafal, em Cabo-Verde. O assalto, descreve a obra, foi marcado para 4 de Fevereiro de 1961, porque era a data prevista da chegada do paquete «Santa Maria», sequestrado pelo capitão Henrique Galvão, em 22 de Janeiro de 1961, e havia que aproveitar a presença de jornalistas vindos a Luanda para cobrir os acontecimentos.

A previsão inicial do ataque era 15 de Março, para coincidir com o levantamento no norte e com o debate sobre Angola na ONU. Ou seja, o motim acabou por ser antecipado, precipitando os preparativos e aumentando os riscos. O cónego Manuel das Neves opôs- -se inicialmente por considerar prematuro mas acabou por aceitar depois, resignado.

Na madrugada de 4 de Fevereiro de 1961, os nacionalistas, armados de catanas, atacam a casa de reclusão militar, a cadeia civil do bairro de São Paulo, a cadeia da 7ª esquadra da companhia móvel da Polícia de Segurança Pública, situada na estrada de Catete, a Emissora Oficial de Angola e o edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones.

Ainda de acordo com o livro de Agostinho Neto, a operação não atinge o seu objectivo, que era libertar os presos políticos do "processo dos 50" que se encontravam, na sua maioria, na casa da reclusão militar, mas o mundo fica a conhecer a revolta.

Morreram 15 amotinados e muitos ficaram feridos. O outro grupo que deveria atacar o Aeroporto Craveiro Lopes, actual 4 de Fevereiro, e incendiar os aviões estacionados na placa e nos hangares, comandado por Neves Bendinha e Raul Agostinho Cristóvão, falhou a sua missão.

A rebelião armada dirigida por Neves Adão Bendinha, Paiva Domingos da Silva, Domingos Manuel Mateus, Imperial Santana e Virgílio Francisco e executada por 220 homens, empunhando catanas, apanhou de surpresa Viriato da Cruz e Mário de Andrade e o MPLA, em Conakry, e Agostinho Neto, na ponta do sol, em Cabo Verde.

Na madrugada de 10 de Fevereiro de 1961, 124 homens comandados por Agostinho Cristóvão, reorganizou os participantes vivos do 4 de Fevereiro de 1961, ataca a administração civil de São Paulo, o pavilhão prisional da referida administração e a companhia indígena. Os assaltos fracassaram, 22 foram mortos e 122 presos no forte de São Pedro.

Nos dias 17 e 19 de Fevereiro de 1961 houve ainda outras tentativas frustradas de assaltar as mesmas prisões. Os dias seguintes são sangrentos, marcados por intensa perseguição aos nacionalistas.